Estudos Especiais

ÉTICA CRISTÃ  


(Pr. Djalma Pereira)

Definições de Ética

A palavra ética vem do termo grego “ethos” que diz respeito aos hábitos e aos costumes das pessoas em determinada sociedade.

A Ética significa um hábito, costume ou rito. Com o tempo, passou a designar qualquer conjunto de princípios ideais da conduta humana, as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros de uma sociedade.

Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões.

O dicionário de Aurélio define como sendo “o estudo dos juízos de apreciação referente à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”

         Por último, a ética é um conjunto de regras, de preceitos e valores estratificados, tradicionalmente, em pessoas, grupos sociais ou na sociedade como um todo, com projeção de caráter universal.

         II - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:

i - O objetivo da Ética

Em poupas palavras o objetivo da ética é analisar as questões morais e de comportamento, a fim de indicar um caminho ideal para melhorar a vida humana em sociedade.

Segundo comentário do professor Pr. Espedito Nogueira Marinho, a ética, também, tem “a finalidade de reger a conduta dos membros de uma comunidade, de acordo com princípios de convivência geral, para garantir a integridade do grupo e o bem-estar dos indivíduos que o constituem. Assim, o conceito de pessoa moral se aplica apenas ao sujeito enquanto parte de uma coletividade”. [1]


ii - Origem da Ética. [2]

1.    Na pesquisa científica

A ciência, apesar de várias pesquisas, não sabe exatamente “quando se inciaram na história da humanidade, o senso de moral e a idéia de estabelecer regras e hábitos sociais entre as pessoas”. Em virtude dessa incerteza os pesquisadores do conhecimento humano têm criado diversas teorias”.

2.    No ambiente bíblico.

Conforme está escrito na Bíblia Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. (Gn 1.26). Fundamentado neste texto bíblico existem três teorias sobre o que seja “a imagem e semelhança de Deus no homem”, a saber: a física; a capacidade para dominar o mundo, e a imagem racional, moral e espiritual no homem.

Com base na Bíblia entendemos que a tese mais importante é a terceira acima, - a imagem racional, moral e espiritual - em virtude de Deus ter criado o homem diferente dos demais animais dotado de espírito, alma e corpo. Isto fica claro como se vê, atualmente, através do conhecimento filosófico, científico, tecnológico, cultural, moral e ético que caracteriza o homem ser acima de um animal irracional. Portanto, só o homem tem a capacidade moral e espiritual de, responsavelmente, responder pelos seus atos, bem ou mal.

3. Nas descobertas arqueológicas.

Com os achados arqueológicos do povo sumério que viveu a cerca de 3.000 a, C., verificou-se que eles tinham um elevado senso do que era certo e errado, e que as leis humanas eram um reflexo das leis divinas. Exemplo disso é o código de Hamurabe no qual já havia o conhecimento de justiça social, principalmente contra a exploração dos pobres.

4.    No ambiente religioso

No paganismo – As pesquisas comprovam que as primeiras preocupações a cerca da conduta humana tem origem nas religiões de todos os povos, com base nos princípios fundamentais do julgamento, recompensa, dos poderes governamentais divinos dos deuses, da reencarnação, da astrologia, do panteísmo, etc, visando principalmente à justiça-social e o bem estar das pessoas. Exemplo: No Egito, cerca de 3.000 a.C., já existia mandamentos e decisões éticas como: “não zombarás dos cegos nem dos anões”.

No Antigo Testamento – O exemplo máximo de Lei, e de preceitos éticos, morais, e a revelação da própria personalidade de Deus estão exarados nos Dez Mandamentos no capítulo 20 de Êxodo, que permanecem insuperáveis através dos séculos. Portanto, é a base de toda moralidade para a nação Israelita é religiosa.

No cristianismo – Na ética cristã há um firme embasamento na revelação do Evangelho de Jesus Cristo, especialmente, no sermão do monte prescrito em Mateus capítulos 5 a 7. Trata-se de um referencial em termos de revelação imutável e absoluta, isto é, a revelação de “cima”, e a vivência e experiência humana daqui “de baixo do Sol”, respectivamente, de “a ética mística vertical” e de “a ética horizontal”. Portanto, há uma resultante ideal e equilibrada do - “sobrenatural de Deus” – e, o - “natural-horizontal” - do ser humano criado a imagem e semelhança de Deus. Gn 1.26-27; Rm 8,14; 1ª Co 2.9-16; 2ª Co 3.18; 5.17.

Como disse o professor Pr Espedito Nogueira Marinho: “a ética horizontal trata do nosso comportamento com os homens de Deus e a ética vertical trata do nosso relacionamento como o Deus dos homens. (...) Porque quem não é fiel aos homens de Deus dificilmente será fiel ao Deus dos homens”. [3]

Nas diversas culturas- Nas diversas culturas o fator preponderante é o divino do Deus Eterno (Ex 20.1-3) ou dos deuses mitológicos, onde existe uma relação inseparável entre ética e religião. Nas questões de éticas o vinculo entre religião e moral tornou-se de tal forma que muitos acreditam não pode haver moral sem religião. A divindade sobrepõe de tal maneira que acabará por influenciar decisivamente o código ético e o comportamento a ser seguido

Na cultura ocidental há evidente influência da divindade através dos dez mandamentos divinos os quais Moisés recebeu no monte Sinai, e dos ensinamentos de Jesus registrados no Evangelho.

A influência religiosa é de tal forma no sistema interno de valores da moralidade que “muitos acreditam que não pode haver moral sem religião. Segundo esse ponto de vista, a ética se confunde com a teologia moral”.

5.    No Circulo filosófico

No mundo grego antigo os deuses foram concebidos (especialmente nas obras de Homero; por Platão no diálogo Protágoras) como similares aos homens, com paixões e desejos bem humanos e sem muitos padrões morais (muito embora essa concepção tenha recebido muitas críticas de filósofos importantes da época). Além de dominarem forças da natureza, o que tornava os deuses distintos dos homens é que esses últimos eram mortais. Não é de admirar que a religião grega clássica não impusesse demandas e restrições ao comportamento de seus adeptos, a não ser por grupos ascéticos que seguiam severas dietas religiosas buscando a purificação.

Exemplos de deuses mitológicos: Citamos alguns nomes dos deuses gregos: Diana, deusa dos efésios, (At 18.23-28). Cronos (tempo, o eterno), principal deus da mitologia grega. Seu filho, Zeus, o derrubou, e, em seu lugar passou a dominar e organizar os deuses com seus tipos de autoridade e funções. (Zeus era identificado com o céu brilhante, que com seus raios disciplinava os deuses e os homens). Gaea (terra) era a deusa da vida, a mãe de todos, da qual dependia a vida física dos homens e demais seres vivos, etc. (At 17.22-32).

6. Na Ética Grega

Salientamos na ética grega o surgimento das novas condições que se apresentaram no século V a. C., com o triunfo da democratização da vida política, com a criação de novas instituições eletivas e com o desenvolvimento de uma intensa vida pública, deram origem à filosofia política e moral.

“As idéias de Sócrates, Platão e Aristóteles neste campo estão relacionadas com a existência de uma comunidade democrática limitada e local (o estado-cidade ou Polis)”. [4]

Citamos a seguir as principais correntes filosóficas de então:

i.       Os sofistas

Eram educadores pagos pelos alunos para ensinarem os novos conceitos democráticos do cidadão, em substituição a educação tradicional dos guerreiros e atletas gregos. Com eles a arte da retórica alcançou grade desenvolvimento. Paulo enfrentou tais sofistas em Atenas quando pregou sobre o Deus desconhecido para eles. (At 17.18-23).
        
ii.     Sócrates (470-399 a.C.)

Sócrates se preocupou com os valores da vida e das virtudes. Era adversário da democracia ateniense, foi acusado de corromper a juventude e de impiedades, sendo condenado a beber cicuta e morreu em 399 a.C.

Seu princípio filosófico se baseia no saber a respeito do homem, daí a sua máxima: “conhece-te ti mesmo”. Fundamentava-se nos três seguintes pressupostos: 1) é um conhecimento universalmente válido, contra o que sustentam os sofistas; 2) é, antes de tudo, conhecimento moral; e 3) é um conhecimento pratico, (conhecer para agir retamente).

É uma ética racionalista, onde encontramos os seguintes pontos:

a)     uma concepção do bem e do bom;

b)    a tese da virtude (areté) – capacidade radical e última do homem – como conhecimento, e do vício como ignorância, (quem age mal é porque ignora o bem; por conseguinte, ninguém faz o mal voluntariamente);

c)     a tese, de origem sofista, segundo a qual a virtude pode ser transmitida ou  ensinada.

Para Sócrates a bondade, o conhecimento e a felicidade se entrelaçam estreitamente. O homem, necessariamente, age retamente e pratica o bem por conhecê-lo, como também, desejando ao bem, sente-se dono de si mesmo e, conseqüentemente, é feliz. [5]  Ele afirmava que “os princípios éticos são contidos em idéias inatas, que residem no raciocínio humano. A mente universal é um fundo de princípios éticos que a mente humana pode alcançar. A ética, portanto, pode ser intuitiva e mística, não meramente empírica”  [6]

iii.              Platão (427-347 a.C.)

Como discípulo de Sócrates manteve-se contrário à democracia ateniense. A ética para ele está intimamente, ligada à política, sendo a polis o terreno próprio da vida moral. Para ele a política é a conduta ideal do Estado, tal como a ética é a conduta ideal do indivíduo que busca o bem maior da sociedade humana.

Sua ética como a sua política baseavam-se nos seguintes pontos:

 a) “a sua concepção metafísica (do mundo invisível das idéias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, real e têm como cume a idéia do bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo)”;

b) “a sua doutrina da alma que anima ou move o homem e consta de três partes: razão, vontade ou ânimo, e apetite. A razão que contempla e quer racionalmente é a parte superior, e o apetite, relacionado com as necessidades corporais, é a inferior”.

c) “Para ele a razão era faculdade superior e a característica do homem, e a alma se eleva acima do mundo das idéias”.

d) “Como cidadão não pode chegar à perfeição, necessita do Estado ou comunidade política para tornar-se, eticamente, bom. Portanto, a ética dependeria, necessariamente, da política”.

Teoria da República:

Daí a teoria da “República”, onde Platão idealiza o Estado à semelhança da alma humana, dividindo em três classes sociais, assim:

a) uma classe nacional de filósofos, - governantes - que deveria ser guiada, respectivamente, pela justiça, pela sabedoria, e pela virtude. Dessa classe surgiria o homem sábio e mais justo de todos, o Rei-Filósofo;

b) a segunda classe dos guerreiros, correspondente ao “elemento espiritual”, relativo à vontade dos indivíduos, e guiado pela razão, que serviria para defender a boa ordem coletiva. A coragem seria a principal virtude dessa segunda classe;

d)    a terceira classe representaria os apetites inferiores, constituída pelos agricultores, pelos artesãos e pelos comerciantes, encarregados dos trabalhos materiais e utilitários, guiados pela temperança e obediência. (...) Cada classe social deveria consagrar-se à sua tarefa especial e abster-se de realizar outras.

Ante o exposto observamos que, posteriormente, houve uma mudança nos conceitos da ética grega, “quando surgiu a filosofia dos estóicos e dos epicuristas mudou esse tipo de organização social acima, criando outros termos de comportamento com relação ao individuo e à comunidade”. [7] Vejamos:

iv. Estóicos e Epicuristas:

Com a decadência e ruína do sistema político antigo grego-romano, caracterizado pela organização e autonomia dos Estados imperiais: gregos, macedônios, e depois romano, surgiu um novo conceito ético-social em que: “o mundo cosmo é um único grande ser que tem Deus como princípio, alma ou razão, sendo aquele ou seu animador ou coordenador, conseqüentemente, acontece o que Deus quer, e, assim, domina nele (no kosmos) uma fatalidade absoluta; não existindo nem liberdade nem acaso. O homem, como parte deste mundo, possui nele o seu destino. E, como tudo é regido por uma necessidade radical, a única coisa que lhe resta é aceitar o seu destino e agir consciente dele. Esta deve ser a atitude do sábio”.

Assim, “a moral não mais se define em elação à polis, mas ao universo. E, a moral é condicionada à necessidade física, natural, do mundo (kosmos)”.

Portanto, “na ética epicurista e estóica, que surgiu numa época de decadência e de crise social, a unidade da moral e da política anterior, se dissolve”[8]

Posteriormente, também, surgiu um conceito sociológico de que o homem é produto do meio, o que não se afina com o conceito evangélico de que o homem regenerado – como sal e luz - influencia e transforma moralmente o meio em que ele vive. (Mt 5.13-16).

7. Surgimento de outras alternativas Éticas
Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador fundamental. As principais são: naturalista, humanística e religiosa
i. Ética Naturalística 

Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural e a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e a desaparecer à medida que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo e bom; e tudo o que dificultar é errado e mau.

Por incrível que possa parecer essa ética teve defensores como Trasímaco (sofista, contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade. Modernamente, Nietzsche e alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer e Julian Huxley. [9]

Nietzsche considerava como virtudes reais a severidade, o egoísmo e a agressividade; e, paradoxalmente, como vícios seriam o amor, a humildade e a piedade.

A ética naturalística baseia-se, principalmente, na evolução tendo em vista os seguintes princípios:

1) a natureza e o homem são produtos da evolução;

2) a seleção natural é boa e certa.

Citamos como exemplos:

a) Os nazistas eliminaram doentes mentais e esterilizaram os "inaptos" biologicamente. Nazistas defenderam o conceito da raça branca germânica como uma raça dominadora, justificando assim a eliminação dos judeus e de outros grupos.

b) Ainda hoje encontramos pichações feitas por neonazistas nos muros de São Paulo contra negros, nordestinos e pobres.

c) A busca do sucesso, o “status” social, a concorrência mercantilista desenfreada visando unicamente o acúmulo das riquezas a qualquer preço, em prejuízo do ser humano mais frágil.
Na sociedade moderna, conscientemente ou não, pessoas assim seguem a ética naturalística da sobrevivência dos mais aptos e da destruição dos mais fracos.
Após a queda e a entrada do pecado no mundo (kosmos), o homem herdou a natureza pecaminosa, a criação se afastou do Seu Criador e do estado original em que foi criada. Visto que a natureza e o homem se encontram hoje desvirtuados como resultado do afastamento do seu Criador, não pode criar um sistema de valores para a conduta dos homens.
É por este motivo que os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser legítima.
ii. Hedonismo

O hedonismo vem da palavra grega “hedone” que quer dizer  prazer, deleite. É uma forma de ética humanística. Esse sistema ensina que o certo é aquilo que é agradável que dá prazer. Como movimento filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de seus discípulos, cuja máxima famosa era "comamos e bebamos porque amanhã morreremos". O epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em linhas gerais, que para ter uma vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar acima de tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade.

Como conseqüência de sua ética, os hedonistas se abstinham da vida política e pública, preferiam ficar solteiros, censurando o casamento e a família como obstáculos ao bem maior, que é o prazer individual. Alguns chegavam a defender o suicídio, visto que a morte natural era dolorosa.

Para este sistema a ética natural do homem é o hedonismo, e, a sua doutrina central ainda permanece em nossos dias. Pois, o homem toma decisões e faz escolhas tendo como princípio controlador buscar aquilo que lhe dará maior prazer e felicidade. O individualismo exagerado e o materialismo moderno são formas atuais de hedonismo.

Como alguns defensores modernos, podemos mencionar Gustav Fechner, o fundador da psicofísica, com sua interpretação do prazer como princípio psíquico de ação, a qual foi depois desenvolvida por Sigmund Freud como sendo o princípio operativo do nível psicanalítico do inconsciente. [10]

Muito embora o cristianismo reconheça a legitimidade da busca do prazer espiritual, da fé, da esperança, do amor e da felicidade eterna individuais, todavia, considera a ética hedonista essencialmente egoísta, pois coloca o prazer e a felicidade individuais como o princípio maior e fundamental da existência humana

iii. Éticas Humanísticas 

As chamadas éticas humanísticas são aquelas que tomam o ser humano como “a medida de todas as coisas”, seguindo o conhecido axioma do antigo pensador sofista Protágoras (485-410 AC), ou seja, são aquelas éticas que favorecem escolhas e decisões voltadas para o homem como seu valor maior. Assim todos os princípios éticos, metafísicos e práticos estão voltados para o homem e dependem dele, e não de forças cósmicas, dos deuses (gregos), etc. Portanto, originou-se uma filosofia relativista, sem valores fixos e absolutos.

iv. Utilitarismo

O utilitarismo é um sistema ético que tem como valor máximo o que  é útil para o maior número de pessoas. Segundo este sistema o alvo da conduta humana é aquilo que é útil e prático, para uso privado ou público. Em outras palavras, "o certo é o que for útil". As decisões são julgadas, não em termos das motivações ou princípios morais envolvidos, mas dos resultados que produzem. Se uma escolha produz felicidade para as pessoas, então é correta. Os principais proponentes da ética utilitarista foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham e John Stuart Mill.

A ética utilitarista parece estar alinhada com o ensino cristão em buscar o bem das pessoas. Ela chega até a ensinar que cada indivíduo deve sacrificar seu prazer pelo da coletividade (ao contrário do hedonismo). Entretanto, é perigosamente relativista quando vai determinar o que é o “bem” para maioria, como fez os nazistas dizimando milhões de judeus em nome do “bem” da humanidade. O conceito deles inspira-se no antigo adágio popular:  "o fim justifica os meios".

O perigo do utilitarismo é que ele transforma a ética simplesmente num pragmatismo frio e impessoal, isto é: decisões certas são aquelas que produzem soluções, resultados e números, desde que seja útil e a favor da maioria.

Pessoas influenciadas pelo utilitarismo escolherão soluções simplesmente porque elas funcionam, sem indagar se são corretas ou não.

Citamos um exemplo moderno: o escândalo sexual de Clinton e Lewinski, presidente de uma sociedade de maioria utilitarista, como é a americana. A maioria do povo americano foi contra ao “impeachment” do seu presidente, sem levar em conta o valor ético, mas, principalmente, os excelentes resultados financeiros e econômicos produzidos para o país sob sua administração.

v. Existencialismo

Ainda podemos mencionar o existencialismo como exemplo de ética humanística, pessimista, defendido em diferentes formas por pensadores como Kierkegaard, Jaspers, Heiddeger, Sartre e Simone de Beauvoir. Existencialistas são céticos quanto a um futuro bom para a humanidade; são também relativistas, acreditando que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos. Consideravam a existência humana livre, desprovida de normas de essência abstrata e universal sendo o homem o responsável pelo seu próprio destino. Para eles, o certo é ter uma experiência, é “agir, o errado é vegetar, ficar inerte”.

Pessoas influenciadas pelo existencialismo tentarão viver a vida com toda intensidade, e, tomarão decisões que levem a esse desejo. Aldous Huxley, por exemplo, chegou ao absurdo em defender o uso de drogas, já que as mesmas produziam experiências acima da percepção normal.

O existencialismo é um sistema ético dominante que influencia a sociedade pós-moderna. A sociedade atual tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual. Exemplos: o liberalismo sexual fora do casamento.  Está se tornando banal ter-se um romance com outra mulher com quem se sente bem, - se um  homem não é feliz em seu casamento, - e geralmente recebe a compreensão e a tolerância da sociedade.

vi. Éticas Religiosas 

São aqueles sistemas de valores que procuram na divindade (Deus ou deuses) o motivo maior de suas ações e decisões. Nesses sistemas existe uma relação inseparável entre ética e religião. O juizo maior das questões éticas é o que a divindade diz sobre o assunto. Evidentemente, o conceito de Deus (ou deuses) que cada um desse sistema mantém, acabará por influenciar decisivamente o código ético e o comportamento a ser seguido.

vii. Exemplos de Éticas Religiosas Não Cristãs

No mundo grego antigo os deuses foram concebidos como similares aos homens, com paixões e desejos bem humanos e sem muitos padrões morais, especialmente nas obras de Homero. Para eles o que distinguiam os “deuses” dos homens era, apenas, porque os “deuses” dominavam as forças da natureza, é estes últimos eram mortais. Entretanto, essa concepção foi bastante criticada por filósofos importantes da época. Porém, o sistema religioso grego clássico impôs restrições ao comportamento de seus adeptos, com alguns grupos ascéticos que seguiam severas dietas religiosas buscando a purificação.

O conceito hindú de não matar as vacas vem de uma crença do período védico que associa as mesmas a algumas divindades do hinduísmo, especialmente Krishna. O culto a esse deus tem elementos pastoris e rurais. 

O pensamento generalizado acerca de Deus irá certamente influenciar o sistema interno de valores bem como o processo decisório que enfrentamos todos os dias. Isso vale também para ateus e agnósticos. O seu sistema de valores já parte do pressuposto de que Deus não existe. E esse pressuposto inevitavelmente irá influenciar suas decisões e seu sistema de valores.

É muito comum na sociedade moderna o conceito de que Deus (ou deuses?) seja uma espécie de divindade benevolente que contempla com paciência e tolerância os afazeres humanos sem muita interferência, a não ser para ajudar os necessitados, especialmente seus protegidos e devotos. Essa concepção de Deus não exige mais do que simplesmente um vago código de ética, geralmente baseado no que cada um acha o que é certo ou errado diante desse Deus (ou deuses).  

III - A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA.
A Ética Cristã é o modo ideal do cristão se comportar perante as leis e as autoridades do nosso país. Vejamos a seguir:
a)   Uma necessidade do ser humano.

Deus criou o homem, diferente dos demais animais, dotado de espírito, alma, corpo; portanto, com razão, consciência, juízo de valor, senso crítico e ético. Razão porque o homem sabe que dará conta, um dia, do que fez bem ou mal, como ser humano e social. Portanto, o homem obedece ou desobedece a a Deus conscientemente, sob o juízo do Juiz de toda terra, sentindo a necessidade de ser direito e ético. (Rm 1.17-25).

b)   Uma necessidade metafísica e espiritual.

Como sabemos pela a Bíblia o juízo de Deus caiu, não só sobre o homem, (Gn 3.17, 19; Rm 5.12; 8.19-22-21), mas, também, sobre toda a criação. (Gn 3.18; Rm 8.22-23). Por isto que Paulo disse: “ fomos salvos na esperança da redenção, não só do nosso corpo, mas, também, de toda criação que até agora geme nessa expectação”. (Rm 5.19-20).

A posição Bíblica do designo de Deus é o oposto do “Tiquismo” casual, do caos, porque Deus tem um plano eterno em Cristo Jesus sobre toda criação. (Cl 1.13-20). Deus não muda, o “Eu sou o que Sou” é o mesmo eternamente, e julgará e recompensará o justo, porque neste mundo a justiça humana, às vezes, falha ou quase sempre falha, (Ex 3.13-15;Hb 13.8), mas, a de Deus nunca falha, pois,  é eterna.

c)    Uma necessidade pessoal e social.

Os atos humanos sempre são julgados pela sociedade, quer na família, quer na nação como um todo. E, em nossos atos concluímos se agimos bem ou mal. Nosso comportamento ético começa na família, se estende por toda a congregação, por todos governantes, e por último, por toda nação. Como disse o filósofo grego Aristóteles: “todas as instituições humanas, de ensino, da política, do estado, etc., são ramos da ética porque todas têm alguma coisa a ver com a atuação do homem dentro da sociedade”. Portanto, se a família vai mal, se as igrejas vão más, se as escolas vão más, se o estado vai mal, toda sociedade vai, também, mal. Uma coisa está ligada a outra.
d) O passo inicial do cristão.
O início indispensável é a conversão para uma genuína mudança de comportamento de dentro do coração e não de fora para dentro. Como orou Davi: Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável. (Sl 51.10). A regeneração é a maior necessidade do ser humano, e somente Deus pode realizar esta transformação. Como está escrito: Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne. (Ez 36.25-26).
A ética cristã trata dos princípios que regulam o comportamento do cristão. A ética cristã é o conjunto de princípios espirituais extraídos exclusivamente da Bíblia, para nortear a conduta do cristão, nos seus relacionamentos com Deus e com as pessoas

IV - PRINCIPAIS CATEGORIAS DE ÉTICA:
Conforme comentário de J. R. Champlim há em três categorias principais de Ética: [11]
1.    Ética absoluta, (formal);
Na ética absoluta os princípios morais são fixos e imutáveis, que não se alteram em face de situações ou de indivíduos, mas, o certo sempre será certo. A ética absoluta é teísta onde um poder superior que emana de Deus é que estabelece as regras de conduta do homem. (Mt 24.35).
2.    Ética relativa, (da situação);
Na ética relativautilitarismo, pragmatismo, positivismo - aquilo que é correto e bom precisa ser comprovado como tal na experiência humana, como também, a experiência humana mostra que nem sempre aquilo que é bom para uns não o é para outros, e, o que é bom hoje pode não ser bom amanhã. Por isto, é também chamada a ética da situação, em que as pessoas podem mudar de acordo com as situações.
3.    Ética de valores, (meio-termo).
Já a ética de valores – um meio-termo - trata-se de uma posição intermediária, equilibrada, entre as duas éticas acima comentadas. Existem valores constantes na vida que precisam ser preservados, e não devem ser mudados de pessoas para pessoas, e nem ficar mudando de um dia para outro dia, a mercê das circunstâncias. Na Ética de Valores o conceito é que os valores não são absolutos, apesar de serem constantes
V - ÉTICA SOCIAL CRISTÃ

         Após as diversas considerações e princípios básicos que acima tratamos, podemos melhor desenvolver especificamente o tema em referência.

Preliminarmente, devemos entender que a Ética Cristã é um capítulo especial no contexto da Ética em geral, e deve ser tratada nos ditames da doutrina cristã do Evangelho e dos conceitos universais da Ética.

Vamos enfocar principalmente as seguintes tipos de éticas: a Formal; a Relativa; dos Valores; a Vertical e a Mística Horizontal; Andando com o Deus dos homens e com os homens de Deus; o Relacionamento ético do cristão com o Estado, etc.

VI - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ÉTICA CRISTÃ.
Os principais pressupostos básicos teológicos da ética cristã são:
a) A Existência de um só Deus - santo, justo e perfeito -, que é o modelo e o princípio de toda bondade desde o começo da criação. (Gn 1.1-31).
Há um só Deus e um só Mediador - Como está escrito: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, (1ª Tm 2.5). Como só existe um Deus e um só Mediador que é soberano, justo e santo, logo nem tudo é permitido sem a Sua permissão. Em outras palavras a Bíblia confirma assim: “Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará” (...). (Gl 6.7-10). Os atos humanos são e serão julgados por Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus (Rm 14.12). Cuidemos como andamos, o que dizemos e como fazemos as coisas debaixo do Sol, porque todos daremos conta a Deus como Juiz de toda terra! (Ecl 12.13-14).
Deus não é de confusão, e sim de paz. Ele exige que tudo seja feito com decência e ordem. (1Co14.33, 40). Ele estabelece limites!
b) A obediência, a fé e a boa conduta cristã são exigências básicas de Deus para que o homem seja perfeitamente justo e bom.
Deus exige a obediência -“(...) agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha. E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. Êx 19.5-6. (Dt 6.1-18; Mt 5.48; At 17.22-32).
c) A condição depravada do ser humano desde a queda no Éden, em conseqüência da desobediência e do pecado. (Gn 2.4-17; 3.1-24; Jr 10.1-16; Rm 5.12-21).
A natureza pecaminosa do homem - A depravação humana requer a existência de normas divinas de conduta, porque o homem é inclinado a praticar o mal. Jesus Cristo nos ensina em Marcos 7 dizendo: “(...) o que sai do homem, isso é o que contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem (Mc 7.18-23).
a) Primeiro, a corrupção humana é universal. No texto acima Jesus não descreve um determinado grupo social, mas ele fala do homem como uma espécie universal. A corrupção está presente onde houver um ser humano. (Rm 5.12).
b) Segundo, a corrupção tem a sua origem no coração humano. Jesus é categórico dizendo: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios...” Não é o poder, nem é uma educação falha, ou um ambiente ruim que perverte o homem, mas o seu coração corrompido. O meio pode influenciar, mas não é a causa determinante. (Jr 17.9).
Segundo definição de E. Bruner: "ética cristã é o comportamento humano determinado pelo comportamento divino".
Segundo o apóstolo Paulo: “(...) Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”. (Rm 13.1-7).
Segundo o apóstolo Pedro: “Porque que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas, se fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas, o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano, (1ª Pe 2.1-22).
Quatro padrões do comportamento cristão:
a) Primeira - todos nós precisamos tomar decisões com boa base normativa;
b) segunda - toda pessoa toma as suas decisões a partir daquilo que ele sabe o que é certo ou errado.
c) terceiro - todas as decisões cristãs, eticamente corretas, são baseadas no nosso referencial ético, imutável, e absoluto, que é a Bíblia. Ela é o nosso manual de fé e de comportamento prático;
d) quarto - quando o cristão toma decisões sem base bíblica, certamente erra e paga pelas suas conseqüências.
Em qualquer sociedade humana é preciso ter normas ou princípios que orientem o comportamento das pessoas em comunidade. Caso contrário acontece como nos dias da liderança dos juízos sobre o povo de Israel, assim: “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos”. (Jz 21.25).
Exemplos na Bíblia: [12]
1.                No Antigo Testamento:
Não havia obediência às leis e estatutos legados por Moisés, e, também, não havia um rei que comandasse o povo de Israel. Portanto, não existiam autoridades e leis que orientassem a conduta do povo. Cada um fazia o que achava mais conveniente, assim: “(...) Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos”. (Jz 21.7-25). A conseqüência disto foi à desordem generalizada.
2.     No Novo Testamento:
Convivência cristã no início da Igreja em Jerusalém:

a) “E com muitas outras palavras isto testificava e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.40-47).

b) “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha. Então, José, cognominado, pelos apóstolos, Barnabé (que, traduzido, é Filho da Consolação), levita, natural de Chipre, 37possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos”. (At 4.32-37).

c) “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé”. (At 6.1-7). A conseqüência disto foi à ordem estabelecida com bons resultados.

VII - COMO O CRISTÃO DEVE AGIR ETICAMENTE
Como já vimos o comportamento humano só pode ser mudado a partir de uma mudança interior impulsionado pelo Espírito Santo, através do novo nascimento (Jo 3.3-7), e não do exterior para o interior
 A nova natureza regenerada - Como disse o apóstolo Paulo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” 2ª Co 5.17.
O cristão deve agir de acordo a ética cristã fundamentada na Palavra de Deus, baseado em valores éticos cristãos. Analisaremos, especialmente, os valores citados na apostila de “Ética Cristã” do SETAD, a saber: a Verdade; a Mentira; a Fraude; o Engano e o Falso Testemunho. Vejamos: [13]
1. A verdade.
Deus é a verdade absoluta. – Como vemos na Bíblia nos seguintes textos: Dt 32.4; Ex 20.16; I Sm 15.29; MT 5.48; Jo 14.6; 17.17; Tt 1.2.
Jesus Cristo da mesma natureza do Pai, também, é a expressão da verdade absoluta, e, devemos seguir seu exemplo como cristão, conforme está escrito: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” Jo 14.6. Como disse o apóstolo Pedro: “Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas, o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano”.  1ª Pe 2.21-22.
A verdade é um dos atributos essenciais de Deus expresso na Sua Palavra assim: “Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. (Sl 51.6); (...) a sua verdade é escudo e broquel. (Sl 91.4); As obras das suas mãos são verdade e juízo; fiéis, todos os seus mandamentos. (Sl 111.7); A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade. (119.142); “(...) que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto há neles e que guarda a verdade para sempre; (Sl 146.6); Mas o Senhor Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; (Jr 10.10); Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8.32); Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. (Jo 14.6). Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17); Portanto, o cristão deve falar somente a verdade o que passa disse é de procedência maligna, com disse Jesus: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna”. (Mt 5.37).
2. A Mentira.
Conceito da mentira. Segundo o dicionário de Aurélio, “mentir é afirmar coisa que sabe ser contrário a verdade. Dizer mentiras. Induzir ao erro. Enganar”.
Origem da mentira. – A procedência da mentira vem do “pai da mentira” que é Satanás. Portanto, tudo que é mentira é de procedência maligna. Daí a máxima proferida por Jesus. “(...) Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno. (MT 5.37).  Como, também, disse Tiago: “Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo”. (Tg 5.12). Foi Jesus quem declarou aos Judeus quem Satanás é o “pai da mentira”, assim: “Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas porque vos digo a verdade, não me credes”. (Jo 8.44-45).
Deus abomina a mentira como está escrito: ”Destruirás aqueles que proferem a mentira; o Senhor aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento”. (Sl 5.6).
Exemplo: Disse, então, Pedro:”(...) Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram”. (At 5.1-5).
A mentira é oposta a verdade - Como disse o professor Pr Espedito Nogueira Marinho: “A mentira é tão oposta da verdade quanto as trevas da luz. E, no entanto os profanos a apreciam tanto quanto apreciam a noite em detrimento do dia para praticar seus pérfidos planos”. [14] 
3. A Fraude.
A Fraude é o mesmo que torcer a verdade e trair a confiança de um compromisso formal. È, também, a adulteração de documentos, contratos para se tirar vantagem sobre alguém ou um negócio. Portanto, é ma fé, ou abuso de confiança, trapaça, contrato fraudulento, dolo. É torcer a verdade com atitudes ou palavras mentirosas, assim: (...) como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. (2ª Pe 3.15-16).
Os falsos profetas - Umas das piores fraudes que pode existir é a dos falsos ministros que servem de mau exemplo para o rebanho do Senhor. Como o apóstolo Paulo denunciou os falsos e fraudulentos obreiros com essas palavras: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”. (2ª Co 11.13-15). O cristão genuíno que teme ao Senhor e honra a Sua Palavra não deve ser fraudulento, em hipótese nenhuma.
4. O Engano.
É ato de enganar a boa fé ou a confiança de alguém com palavras fingidas. Falta de verdade no que se diz, faz, crê ou pensa. É, também, ilusão, erro, equívoco.
O exemplo de Jesus - Na sua boca nunca houve engano, como disse o apóstolo Pedro: “Porque que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas, se fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas, o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano, (1ª Pe 2.1-22). É assim que deve proceder o cristão sincero e verdadeiro.
5. O Falso Testemunho.
Deus abomina a falsidade - Um dos mais graves falsos testemunhos é “a falsa profecia”, porque usa o nome de Deus em vão, e, prejudica o que crê de boa fé. É uma quebra do nono mandamento da Lei de Deus: ”Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. (Ex 20.16). Deus abomina a falsa profecia como está escrito assim: “E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente em meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração são o que eles vos profetizam. Portanto, assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que eu os tenha mandado”. (Jr 14.14-15). “Portanto, assim diz o Senhor Jeová: Como falais vaidade e vedes a mentira, portanto, eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Jeová. E a minha mão será contra os profetas que vêem vaidade e que adivinham mentira; na congregação do meu povo Israel; e sabereis que eu sou o Senhor Jeová. Visto que, sim, visto que andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz”. (Ez 13.8-10).
Um sinal dos últimos tempos - Jesus no Seu sermão escatológico já havia dito que nos últimos tempos surgiriam muitos falsos profetas, e enganariam a muitos, assim: “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui ou ali, não lhe deis crédito, porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito”. (Mt  24.23-25).
Fundamentos dos Valores Cristãos [15]
O termo valor vem do latim “valere” quer dizer “ser forte, ser dígno”.  Os valores cristãos no contexto do Evangelho referem-se aos princípios éticos e sociais expressos em regras e padrões que regem o comportamento dos cristãos nas igrejas locais e fora delas.
Os valores cristãos.Os valores cristãos são fundamentados na Palavra de Deus, cujas leis regem o universo, nossas vidas, planos e vontades. Já a ética e a cultura mundana, onde a sociedade vive como se Deus não existisse, são sistemas eticamente opostos que interagem influenciando-se, mutuamente, para melhor ou pior. Porém, como os valores cristãos são de origem divina, naturalmente, deve sobrepor àqueles.
i. A inversão dos Valores Cristãos na sociedade moderna
O que há hoje na sociedade moderna é uma inversão dos valores éticos cristãos devido à permissividade das lideranças religiosas, dos pais de família, das lideranças evangélicas, dos políticos, dos governantes, dos educadores, dos empresários, da formação de opinião pela mídia, etc. É como se fosse uma onda gigante que funciona como um rolo compressor esmagando os valores éticos e morais cristãos tradicionais.
Neste contexto da revelação profética, (1ª Tm 4.1-3; 2ª Tm 3.1-17; 4.1-5), as Igrejas evangélicas têm uma grande responsabilidade – como parte desta sociedade -, e, também, uma ótima oportunidade para doutrinar com a Palavra de Deus aberta nas mãos, resistindo firmemente como o “monte de Sião que mão abala mas permanece para sempre” (Sl 125), lutando tenazmente com as armas que Deus nos deu. (Ef 6.10-18).
Na sociedade “pós-modernidade” onde prevalece o individualismo, o pluralismo, o relativismo, o sincretismo religioso, os valores da ética e da moral cristãs, vêm sendo substituídos por valores sociais mundanos numa velocidade nunca vista na história da humanidade. (Is 5.18-25; Cl 2.8; 1ª Pe 1.3-10). É preciso diagnosticar bem as causas para aplicar o remédio certo.
As causas principais da inversão dos valores.
Vejamos:
a)     Ascensão do relativismo. – No relativismo não existe norma mora ou ética válida para todas as pessoas, mas, cada um  cria a sua própria ética individual. Assim, as normas variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. Portanto, não existe regras universais absolutas.
b) O pluralismo social. – Essa doutrina filosófica utilitária, contextual e relativista, defende a multiplicidade de culturas, religiões, posições éticas e morais, mesmo sendo conflitantes e contraditórias, amoldando-se de acordo com o contexto social e cultural. Permitindo a coexistência pacífica, com a justificativa de que, cada uma delas tem parte da verdade, e nenhuma, a verdade absoluta. Assim, a verdade encontra-se em cada sistema religioso, filosófico ou moral. Dar-se, então, o relativismo e o pluralismo religioso e filosófico, campo fértil para o sincretismo ético permissivo, aceitando diferentes valores em uma sociedade em constante mudança, sem referencial permanente.
Segundo disse o conferencista Augustus Nicodemus: “uma das palavras que caracteriza a nova época que estamos vivendo é “pluralidade”, (...) e um dos aspectos que me deixa perturbado nessa mudança é o automatismo com que a “pluralidade” se tornou símbolo desse novo tempo”. [16]
c) Os valores mundanos. – Há um crescente mundanismo em oposição aos valores cristãos, fruto de uma sociedade materialista e hedonista organizada contra o reino de Deus. Suas leis não consideram os princípios morais e éticos da Lei de Deus e dos mandamentos contidos no Evangelho. E, o que é sagrado vem curvando-se gradativamente ao secular e profano. (Mt 24.10-12; 2ª Tm 4.1-5; Tg 4.4; 1ª Jo 2.15-17).
ii. Principais valores cristãos invertidos. 
Vejamos alguns valores cristãos desvalorizados pela sociedade pós-moderna:
a) Quanto ao casamento – Há um crescente movimento da “Nova Ordem Global” em vários países, inclusive no Brasil, para legalizar a união de pessoas do mesmo sexo. (o homossexualismo). É um atentado contra o princípio moral registrado na Bíblia sobre o casamento, assim: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação. Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus”. (Lv 18.22; 1ª Co 6.9-10).
b) Quanto à família - A intenção maligna é destruir a instituição bíblica do casamento e da família, que é a fonte moral básica da sociedade. É uma afronta contra a Palavra de Deus, a família, e os valores cristãos. Deus institui o casamento, somente, entre um homem e uma mulher de maneira sagrada, base para formar uma sociedade eticamente pura e sadia. Ler: Lv 18.22; Rm 1.26-32;
c) Quanto às Igrejas. – Nestes últimos “tempos trabalhosos” em algumas comunidades cristãs, estão sendo valorizados mais “pregadores profissionais” bem-sucedidos e promovidos pelo “marketing”, do que os seus testemunhos éticos e poder espiritual. Estão postergando os verdadeiros pregadores do Evangelho de Cristo, por pregadores de “multidões”, invertendo a qualidade espiritual pela quantidade emocional do “show” eletrizante. (2ª Tm 4.1-4; 2ª Pe 2.1-3).
4.    Ética Pessoal e a Ética Social

A ética pessoal começa em cada indivíduo partindo do “eu” interior para o exterior comportamental. O que é válido para a pessoa – o amor, a justiça, a bondade, a misericórdia, a fidelidade, etc. -, também o é para toda sociedade. Quando não existe no ser humano transformação interior, o seu mau procedimento, conseqüentemente, corrompe a sociedade em proporção quantitativa e qualitativa. Portanto, fazer o bem ou o mal a si mesmo e ao próximo, é fazer o bem ou o mal, também, a toda sociedade. Como disse Jesus: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”. (Mt 7.12).

5.    Ética Vertical e Mística Horizontal

A Ética vertical trata de nosso relacionamento com Deus em obediência aos seus mandamentos, enquanto que, a Ética horizontal trata de nosso relacionamento com os homens de Deus com base no amor ao próximo. Pois, “quem não é fiel aos homens de Deus dificilmente será fiel ao Deus dos homens. Como Jesus ensinou assim”: “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Mc 12.29-31).  Aqui está o sentido de amar ao próximo como a si mesmo, isto é, quando existe o “auto-amor e o alo-amor” na pessoa, para poder amar ao próximo como imagem e semelhança de Deus, (Gn 1.26), sem o egoísmo. Como disse também o apóstolo João: “Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também seu irmão. (1ª Jo 4.20-21). Este é o padrão ético do cristão,  praticando a Ética horizontal e a Ética mística vertical na sociedade em que vive. [17]
        
Do ponto de vista da Ética Cristã é importante considerar os conceitos da “Ética vertical”, e da “Ética horizontal-humana”, tendo em vista a conduta ideal do cristão na sociedade em geral e na comunidade cristã onde convive. Portanto, a Ética Cristã, deve ser fundamentada nas normas prescritas no Evangelho e nos valores éticos cristãos pertinentes, dentro e fora das igrejas locais.

6.    Andando com o Deus dos homens e com os homens de Deus.

Conforme disse o Pr Espedito Nogueira Marinho no seu estudo de Ética Cristã: “Muitos ensinam os homens a andar apenas com Deus; e se esquecem de ensiná-los a andar também com os homens de Deus. Difícil é andar com os homens de Deus, fácil é andar com o Deus dos homens. (...) O homem “religioso julga desobrigar-se diante de Deus, cultuando-o, segundo certos ritos e em determinados períodos, nas alturas do monte de Gerezim ou no templo de Jerusalém, (Jo 4.20) ao passo que o homem bom se julga obrigado a cultuar a Divindade em todo lugar “em espírito e em verdade” (Jo 4.21-24).

Continua no seu comentário dizendo: “É triste o estado do homem falto de bondade, mas é tristíssimo o estado do homem saturado de religião e vazio de bondade. (...) É muito fácil subir ao monte Gerezim ou entrar no templo de Jerusalém, mas é imensamente difícil levantar dentro do próprio Eu um altar em que arda, perenemente, o fogo sagrado da bondade e do amor” (...) “A questão é que o homem saturado de religiosidade, valores dogmáticos-litúrgicos, plenitude cultual, etc, a ponto de se sentir credor de Deus”. Exemplo deste tipo religioso sem amor ao próximo foi citado por Jesus na parábola do “Bom Samaritano”. (Lc 10.30-33). [18]

7. Deveres do Cristão para com o Estado

i.  O Relacionamento ético do cristão com o Estado

Todo cristão deve saber que tem dupla cidadania, a celestial e a de sua pátria (Ef 2.19). Portanto tem deveres para com a Lei de Deus e as leis civis de seu país. Porém, quando as leis dos homens são contrárias a Lei de Deus, e afronta a nossa fé religiosa em Cristo Jesus, então, devemos “antes obedecer a Deus do que aos homens”. Como disse o apóstolo Pedro às autoridades de Israel, assim: “Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem (Jesus). Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens. (At 5.28-29).

Outro exemplo evidente na Bíblia é o caso de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego que se recusaram adorar a estátua do Rei, sob ameaça de ser lançado na fornalha ardente de fogo. Os três jovens judeus fieis preferiram obedecer a Lei de Deus (Ex 20.3-5), do que o decreto do Rei da Babilônia, dizendo assim: “v17 Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. v18 E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. (Dn 3.15-18). Outro caso semelhante é de Daniel que foi lançado na cova dos leões, e o Senhor o livrou com vida. “(...) v21 Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre! v22 O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum”. (Dn 6.7-28). Assim Deus sabe como livrar os seus fieis mesmo quando tem de transgredir leis injustas.

ii.     Pagar os impostos.

O cristão deve proceder como cidadão do seu país, e de acordo com o que manda a Palavra de Deus, como disse Jesus: “E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Disseram-lhe eles: De César. Então, ele lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”. (Mt  22.20-21). Também o apóstolo Paulo foi bem claro sobre esta questão de pagar impostos, assim: “(...) v6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. v7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”. (Rm 13.6-7). O problema de pagar ou não os impostos é porque o cidadão muitas vezes desconhece a aplicação justa e honesta do tributo, e às vezes são desviados das suas finalidades, quando deveriam ser aplicados na educação, na saúde, na segurança pública, nas aposentadorias dos trabalhos, na habitação, na infra estrutura, etc. e não são.

VIII - PRINCÍPIOS BÁSICOS E NATUREZA DA ÉTICA CRISTÃ
i. Os principais fundamentos da Ética Cristã.
Os quatro principais fundamentos básicos são: a Palavra de Deus, Princípios: Universais; absolutos,  imutáveis e a Lei do amor.
a) A Palavra de Deus - A Bíblia Sagrada é o manual de orientação para o comportamento ético do cristão neste mundo (kosmos).
“O cristianismo parte do principio de que existe uma fonte de verdade fora de nós. A Bíblia é especificamente esta verdade. Declarou Jesus: A tua palavra é a verdade. (Jo 17.17). A Palavra de Deus é a verdade objetiva, eterna, absoluta e universal. Ela é autoridade suprema em matéria de fé e de comportamento. Encontramos na Bíblia toda a orientação que precisamos para todos os assuntos importantes da nossa vida. Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105).
“É na Bíblia que encontramos o padrão moral revelado por Deus. O conferencista Pr. Augustus Nicodemus faz uma alerta: "Entretanto, mais do que simplesmente um livro de regras morais, as Escrituras são para os cristãos a revelação do que Deus fez para que o homem pudesse vir a conhecê-lo, amá-lo e alegremente obedecê-lo. A mensagem das Escrituras é fundamentalmente de reconciliação com Deus mediante Jesus Cristo. A ética cristã fundamenta-se na obra realizada de Cristo e é uma expressão de gratidão, muito mais do que um esforço para merecer as benesses divinas".
“Concluindo, chamo a sua atenção para uma verdade que anda esquecida: os valores do reino de Deus são opostos aos valores do mundo sem Deus. Existe e sempre existirá uma incompatibilidade irreconciliável entre a igreja e o mundo. O cristão é diferente e o seu poder de influência reside neste fato: Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens”. (Mt 5.13). Seja diferente e faça a diferença.[19]
ii. Princípios básicos;
 b) Universais – Os valores cristãos são santos e universais por serem de origem divina e por Deus ser eternamente santo (Lv 11.44; I Sm 2.2); justo (2 Cr 12,6; Ed 9.15), bom (Sl 25.8; 54.6), e verdadeiro (Jr 10.10; Jo 3.33).  Portanto, o padrão divino, conseqüentemente, é santo – oposto ao pecado -, é justo – oposto a injustiça -, é bom – oposto ao mau -, é verdadeiro -, oposto à mentira. Como disse o apóstolo Paulo: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco”. (Fl 4.8-9).
c) Absolutos – É aquilo que não depende de ninguém, existe por si só. Conseqüentemente, os valores cristãos são absolutos porque Deus é: absoluto (Ex 3.13-14; 2ª Pe 3.8; Jd v25; Ap 1.8, 17; 22.13), é eterno (Dt 33.27; Sl 10.16; 1ª Tm 1.17; Hb 13.8), é santíssimo (Lv 11.44-45; 19.2; 20.7; 1ª Pe 1.15-17), tem vida em si mesmo (Ex 3.15; Jo 14.6; 5.26; 10.25-26; Ap 1.18), é justo (Rm 3.21-26; Hb 1.8),  é soberano, (Sl 2; 45.6; 145.13).
d) Imutáveis – É tudo aquilo que não está sujeito a mudanças. Os valores cristãos são imutáveis porque Deus é imutável. Ele não muda (1ª Cr 29.10; Sl 90.2), é o mesmo eternamente (Ex 3.13-14; Hb 13.8; Tg 1.17), e, é sempre fiel (2ª Tm 2.13). Portanto, os valores cristãos são supra culturais, de origem divina, universais, absolutos e imutáveis, portanto, devem ser o referencial insubstituível da Ética cristã. [20]
e) O princípio moral – a Lei do amor - O princípio básico da Ética Cristã é inspirado no amor prático, vivenciado através do exercício de como fazer o bem até mesmo àqueles que não merecem inspirado pelo Espírito Santo. Como disse o apóstolo Paulo: “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”. (Rm 12.17-21). A lei do amor cumpre a lei de Deus inteira como Paulo ensina: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor. (Rm 13.8-10).
iii. Natureza da Ética Cristã
A natureza da Ética Cristã é ortodoxa e de forma absoluta. Trata-se de uma Ética teísta, onde Deus na revelação disse-nos o que é bom e mau, o que é moral e imoral, revelando-nos bem os padrões do que é bom como dom divino. (Gn 1.31; 2.17). A revelação dos padrões morais e éticos está registrada nas Escrituras Sagradas, do Antigo e Novo Testamento, os quais, para o cristão servem de normas de conduta prática, e não como, simplesmente, resultado de experiências humanas circunstanciais.
“A Ética cristã baseia-se na idéia de que Deus revelou a Sua vontade aos homens, e que eles são responsáveis, diante dEle, por sua conduta. Por isto deu ao homem o “livre arbítrio” de escolher o certo e ético”. Pois, todo cristão genuíno prestará conta no tribunal de Cristo. “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal”. (2ª Co 5.10; Rm 14.10-13). Haverá uma prestação de conta diante de Deus, com  aprovação ou desaprovação divina de todos os atos morais ou imorais cometidos. “Deus é o autor da Ética, e não o homem”.
Também, haverá um julgamento final para os ímpios que desprezam o justo Juiz de toda terra, (Sl 68,5; 94.2; At 10.42): “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. (Ap 20.12-15). [21]
É uma Ética de natureza formal onde existem princípios universais, eternos e imutáveis, com exigências absolutas na lei moral e da natureza. (Gn 2.17; 3.9-20). Como disse Jesus: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus”. (Mt 5.17-20).  É o oposto da “Ética Relativa” ou da “Situação” que conceitua as decisões morais de acordo com a situação circunstancial do momento, pois, segundo este sistema, tudo é relativo.
iv. O Aspecto Metafísico da Ética Cristã.
O objetivo principal do Evangelho é chegarmos a “estatura de varão perfeito em Cristo Jesus. Como está escrito: “(...) querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. (Ef 4.12-13). Para chegarmos a este estágio, é preciso, também, sermos transformados, de gloria em glória, segundo a imagem de Cristo. (Jo 3.1-7; Rm 8.29; 2ª Cor 3.18). Para isso é necessária a santificação, pois, sem a qual paralisa o processo da perfeição e da glorificação. (Hb 12.14). É preciso, também, que exista a transformação metafísica espiritual e moral para atingirmos a perfeição, como disse Jesus: “(...) v48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus. (Mt 5.1-48). Nestes termos Jesus ensina a perfeição moral no sentido absoluto.
v. O Aspecto da Ética ensinada por Jesus.
Jesus como descendente da tribo de Judá, portanto, judeu, foi um Mestre (Rabboni) essencialmente ético, apesar de trazer novas revelações espirituais aplicadas com ênfase no amor, assim: “(...) Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus. (Mt 5.43-48).
A Ética Cristã ensinada por Jesus modificou a ênfase do ensino judaico, indo além das tradições dos fariseus e os ensinos dos doutores da Lei. Assim: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno.” (Mt 5.21ss) ...
E por várias vezes Jesus repetiu essa frase dizendo: “(...) Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (...) “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor. 34Eu, porém, vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus,” (...) “Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”. (...)” Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”, (...) “E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus”. (MT 5.27-48).
vi. Princípios éticos de Jesus.
 Sabemos que os princípios éticos ensinados por Jesus têm base, na lei de Moisés, especialmente, nos dez Mandamentos, nos Salmos e nos Profetas. (Mt 5.1-48; Lc 24.25-32).    Assim: “E Jesus lhes disse: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras (...)”. (Lc 24.25-27).
Segundo o comentário do teólogo J. R. Champlim, os ensinos de Jesus estão explicitados nestes principais pontos, a saber: [22]
a) A paternidade de Deus.
Jesus ensinava aos judeus que o Deus criador e sustentador de toda criação – teísmo, Deus imanente, interessado no bem dos homens – era universal cuidando e desejando o bem de toda humanidade, pois, todos têm suas existências nEle. Várias vezes Jesus empregou a expressão: “Vosso Pai que está no céu”.  Exemplos: “(...) para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos”. (Mt 5.45). “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus”. (Mt 6.1). “(...) Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”. (Mt 6.6-9). “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mt 6.26). Etc.
b) O Princípio do amor.
Jesus ensinou e viveu intensamente o amor, e neste amor verdadeiro cumpriu a missão que o Pai lhe deu a fazer. (Jo 3.16). Ele ensinou assim: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. (Jo 13.34-35). “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. (Jo 15.12-13). “(...)Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros”. (Jo 15.17).  O amor é o maior de todos os princípios morais, sendo a base onde se desenvolvem as demais virtudes cristãs. (1ª Cor 13).  Os atos éticos são procedentes do amor, como fruto do Espírito Santo, os quais se manifestam no cristão, através das seguintes virtudes: “Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”. (Gl 5.22-25). Trata-se do resultado da transformação do “ser” interior refletindo no exterior como “o Sal e a Luz”. (Mt 5.13.16). O cristão além de ser bom por natureza, também, deve praticar o bem a todos sem acepção de pessoas. (2ª Co 5.17; 1ª Jo 4.7-21).
c) Respeito à autoridade constituída.
Jesus ensinou o respeito à autoridade religiosa da Lei e dos Profetas, dando ênfase o sentido espiritual, sincero e prático durante a vida. Para aqueles que desobedecessem aos mandamentos prejudicavam a si mesmos. Aqueles que quebrassem os mandamentos e ensinassem a outros, prejudicavam-se duplamente a si mesmos e aos outros, e seria o mínimo no reino dos céus. Ler: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus”. (Mt 5.19-20).
O apóstolo Paulo deu ênfase ao princípio da autoridade delegado por Deus, como um princípio de manter a ética e a ordem social, assim: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isto quem resiste à autoridade resiste à ordenação; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13.1-7).
d) Jesus aprofundou parte do ensino judaico.
Ensinou que o ódio é um homicídio espiritual, como, também, a maledicência odiosa, a ira, etc, ferem e destroem as suas vítimas, mesmo sem haver a morte física, assim: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. 22Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno. (MT 5.21-22).
e) Jesus aprofundou a moral.
Jesus ensinou que o homem só em desejar a mulher do próximo, no seu coração, já adulterou com ela. Ele requer uma transformação completa no íntimo, além do exterior, assim: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno”. (Mt 5.27-29).
f). O ensino ético de Jesus sobre o divórcio.
Ensinou uma norma dura sobre o divórcio totalmente contrária às filosofias, à sociologia e a ética moderna. Jesus não permitiu qualquer desvio neste assunto específico, pois, qualquer permissão no princípio da união conjugal causaria a destruição do maior valor celular da sociedade, que é a família. Foram estas suas palavras sinceras: “(...) E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza do vosso coração vos deixou ele escrito esse mandamento” (...) E em casa tornaram os discípulos a interrogá-lo acerca disso mesmo. E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra adultera contra ela. E, se a mulher deixar a seu marido e casar com outro, adultera”. (Mc 10.4,5, 11-12).
Como sempre Jesus alicerçou esta questão sobre princípios eternos, assim: “(...) E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza do vosso coração vos deixou ele escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem”.  (Mc 10.5-9). No Princípio Deus fez assim, a união do homem com uma só mulher, e os dois unidos em uma só carne, portanto, “não separe o homem o que Deus ajuntou” (Mt 19.4-6).
X - CONCLUSÃO
Os princípios, leis ou normas que regem a vida cristã estão fundamentadas nos mandamentos morais, justos, sociais e religiosos nas Sagradas Escritura. É evidente que a base da Ética bíblica e dos valores éticos e morais cristãos é o santíssimo caráter Deus, revelado, claramente em Cristo Jesus. As Escrituras, a nossa única base legítima da vontade de Deus, é o nosso código de ética e moral, absoluto, imutável e insubistuível.
          A promessa da benção de Deus para toda a nação permanece firmada na Sua Palavra assim: “Bem-aventurada é a nação cujo seu Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança”. (Sl 33.12).
          Temos certeza absoluta que o fundamento dos valores e da ética cristã encontram-se no caráter de Deus que é santo (Lv11.44; I Sm2.2), justo (2 Cr 12.6; Ed 9.15; Rm 3.21-26), bom (Sl 25.8; 54.6; 136), e verdadeiro (Jr 10.10; Jo 3.33; 14.6; 17.17), revelado nas Sagradas Escrituras.
          Quando à Igreja, se ceder à influência mundana, e adotar uma ética  de costumes sociais e culturais secularizadas, com base no relativismo, hedonismo, pluralismo e sincretismo religioso, está negando a sua missão de salvar os homens e transformar moralmente a sociedade.
          A Igreja é a guardiã desse incomparável patrimônio espiritual e moral, e tem a responsabilidade de transmitir e discipular, fielmente, tanto as gerações atuais quanto as vindouras, como “o Sal e a Luz do mundo”. (Mt 5.13-16)..
          Como disse Jesus no sermão do monte: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”. ( Mt 7.24-27). Amém.
          A promessa da benção de Deus para toda a nação permanece firmada na Sua Palavra assim: “Bem-aventurada é a nação cujo seu Deus é o Senho, e o povo que ele escolheu para sua herançar”. (Sl 33.12).
          Temos certeza absoluta que o fundamento dos valores e da ética cristã encontram-se no caráter de Deus que é santo (Lv11.44; I Sm2.2), justo (2 Cr 12.6; Ed 9.15; Rm 3.21-26), bom (Sl 25.8; 54.6; 136), e verdadeiro (Jr 10.10; Jo 3.33; 14.6; 17.17), revelado nas Sagradas Escrituras.
          Quando a Igreja, se ceder à influência mundana, e adotar uma ética  de costumes sociais e culturais secularizadas, com base no relativismo, hedonismo, pluralismo e sincretismo religioso, está negando a sua missão de salvar os homens e transformar moralmente a sociedade.
          A Igreja é a guardiã desse incomparável patrimônio espiritual e moral, e tem a responsabilidade de transmitir e discipular, fielmente, tanto as gerações atuais quanto as vindouras, como “o Sal e a Luz”. (Mt 5.13-16)..
          Como disse Jesus no sermão do monte: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”. Mt 7.24-27). Amém.







[1] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD,
[2]  Apostila de “Ética Cristã” do S. T. A. D. páginas 3 a 5.
[3] Apostila de “Ética Cristã” do S. T. A. D. página 17.

[4] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD,
[5] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD,
[6] Da Enciclopédia de Bíblia , Teologia e Filosofia, de R. N. Champlin e J. M. Bentes.
[7] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD
[8] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD, pag. 10
[9] Do estudo compilado pelo Pr. Augustus Nicodemus Lopes, Doutor em interpretação Bíblica pelo Westminister Theological Seminary (EUA).


[10]  Do estudo compilado pelo Pr Nicodemus, Augustus, Doutor em interpretação Bíblica pelo Westminister Theological Seminary (EUA).
[11] Da Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, J. R. Champlim e J.. M. Bentes, Ed Candeia
[12]  Do estudo compilado pelo PR Arival Dias Cassimiro
[13] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD, páginas 34-49.
[14] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD, pag. 34
[15]  Estudo sobre “As doenças do nosso século”, comentado por Pr Wagner dos Santos Gaby e Pr Antônio Gilberto,  publicação da  CPAD - Casa Publicadora das Assembléias de Deus, ano de 2008..
[16] Do livro “O Que Estão Fazendo com a Igreja”, autor  Pr  Agustus Nicodemus, Editora Mundo Cristão
[17] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD, pag. 17
[18] Da apostila “Ética Cristã” do SETAD  pag 18
[19] Do estudo feito pelo Pastor e conferencista   Augustus Nicodemus Lopes
[20]  Estudo sobre “As doenças do nosso século”, comentado por Pr Wagner dos Santos Gaby e Pr Antônio Gilberto,  publicação da  CPAD - Casa Publicadora das Assembléias de Deus, ano de 2008..

[21] Da Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, J. R. Champlim e J.. M. Bentes, Ed Candeia
[22] Da Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, J. R. Champlim e J.. M. Bentes, Ed Candeia

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A SANTIFICAÇÃO  EM  TRÊS  ASPECTOS  -  (Completo)
                                                                                                        Pr. Djalma Pereira

Texto áureo:` "Mas, como é santo aquele que vos chamou, sêde vós também SANTOS EM  TODA VOSSA MANEIRA DE VIVER, porquanto, escrito está: SÊDE SANTOS, PORQUE EU (DEUS) SOU SANTO".                (I Pe. 1:15-16).

Textos básicos: Ex. 33:1-6, Ez.23:25-30, 48-49, Deut. 22:5, Sal.119:9, Jer.2:5, Is.3:16-24, Mat.5:13-16, 6:9-20, Jo.17:14-19, Rom. 6, 12:1-2,1a. Cor.6:9-11, 2a.Cor.6:14-18, 7:1,11:1-3, Ef.4:17-32, 5:25-27, Heb.12:5-16, 1a. Pe.1:13-19, 3:1-7, 1a.Tm. 2:9-15, 1a. Jo. 2:14-17, Tiag. 1:21-27, 4:4, Apoc.3:14-22,  21: 8, 27, 22:11-21.


I. INTRODUÇÃO

SANTIFICAR – Por definição quer dizer separar-se do pecado e do mundo (kosmos) para se consagrar ao serviço de Deus.A palavra significa tornar sagrado, separar, consagrar, fazer santo. Nisto inclui pessoas, coisas e lugares santificados (templos); e também o nome, o caráter, o poder, e a dignidade de Deus devem ser santificados, isto é, profundamente reverenciado”. (Ex 20:11; 40:9; Mt 6:9; Lc 11.2). O fato fundamental no uso desta palavra é a santidade do próprio Deus, que é Santo, e requer a santidade de todos aqueles que são seus filhos, os quais devem ter o mesmo caráter santo do Pai. (I Pe. 1:14-17). Como santos, devemos entender que o significado desta palavra, quer dizer: 1) ser piedoso, conforme consta no Salmo 30:4, e também em I Sm 2:9; II Cro. 6:41; Pv 2:8; 2) a outra palavra significa separado, que é aplicado aos anjos,  assim: Sl 89:5,7, e aos homens Dt 33.2-3; Sl 16:3; 34:9; Dn 7:18; I Cor 1:2. (Dicionário Bíblico Univ.de A. R. Buckland -M. A.).

Daí derivou-se a palavra “santificação” que implica uma separação do mundo corrompido por Satanás (kosmos) e a libertação do domínio do pecado sobre as vidas diárias dos cristãos. É também, a manifestação natural da nova vida regenerada do crente genuíno em Cristo Jesus, a qual evidencia e autentica a fé viva que o sincero filho de Deus tem no seu coração, no cotidiano.  

Como está escrito em:

a) Jo 17:14-17: Disse Jesus: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo (kosmos) os aborreceu, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo”. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade”.

 b) Mt 7:16-21: Disse Jesus: “Pelos seus frutos os conhecereis... Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz maus frutos... Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”.

c) Também disse Tiago 2:26: "...Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem as obras é morta".

d) Ainda afirma o Apóstolo Paulo, evidenciando o domínio do novo ser em Cristo sobre a natureza do velho homem adâmico, assim: “Pois o pecado não terá domínio sobre vós..., mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna”. (Rm.6:14,22).
         II. ESTUDO DAS PALAVRAS: SANTIFICADOS, SANTO E SANTOS:

            Estudando a Palavra de Deus, verificamos que existem três palavras que explicam o sentido completo da SANTIFICAÇÃO, a saber: SANTO, SANTOS e SANTIFICADOS no plural, indicando a comunidade dos santos ou a Igreja, (Ek+Klesia), comunidade dos comprados, lavados pelo sangue de Jesus e tirados do mundo (kosmos) para o serviço sagrado do SARCEDÓCIO SANTO, enquanto "POVO DE PROPRIEDADE EXCLUSIVA DE DEUS" 1a. Pe.2:5,9-10; 1a.Cor.1:2 e Rom 1:7. Apoc. 22:11b.                 
           
            a) A primeira palavra, SANTO, é usada mais de 400 vezes no V. T. e cerca de 12 vezes no N. T.  Seu significado é: "Ser separado daquilo que não é Santo", como está escrito no Salmo 1º v.1: "Bem aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores." Exemplo de Jesus em Heb. 7:26, está escrito assim:"...Com efeito nos convinha um Sumo Sacerdote, como este, Santo inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus". Note as palavras que explicam a santidade de Cristo: Ele era Santo (separado), imaculado, e separado dos pecadores. Portanto, Jesus é chamado de Santo, não por ter pecado, mas, porque foi "separado", afastado ou apartado daquilo que não era Santo, do mundo “kosmnos”.

Etimologia da palavra SANTO. Vem do latim "sanctu" que significa essencialmente puro, soberanamente perfeito que indica a santificação pessoal vivenciada diante do mundo como "Sal e Luz" É o testemunho vivo do genuíno cristão. "Esta palavra no A. T. (Antigo Testamento) representa duas palavras hebraicas, significando uma delas PIEDOSO (Prov.2:8) e a outra SEPARADO  (Sal.89:5,7;  Dan. 7:18.), que no seu equivalente grego no Novo Testamento é adotada com uma designação característica da comunidade cristã. Exemplo: At. 9:13; Rom. 1:7; 1a.Cor. 1:2; 2a. Cor.1:1.  E assim por aquela expressão se indica em primeiro lugar a CHAMADA e ESTADO do crente cristão; e em segundo lugar  as qualidades próprias do crente genuíno, as quais derivam de tão alto privilégio". (Dic.Bíb.Univ.de A. R. Buckland -M. A.).

            b) A segunda palavra, SANTOS, é usada 62 vezes no N. T. e se refere aos crentes coletivamente, como o corpo de Cristo - a Igreja – (Ek+Klesia), isto é, os tirados do mundo (kosmos) para formar o corpo de Cristo consagrado ao Seu serviço como sacerdócio santo, conforme está escrito: 1 Pe 2.5: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. É a palavra mais freqüentemente usada em referência aos filhos de Deus, como em 1a. Cor. 6:11. Observemos, ainda, na primeira carta aos Corintios como diz: 1:2: "À Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados (separados) em Cristo Jesus, chamados para ser santos...".Notemos no texto o que diz: "...chamados para ser santos...", separados do mundo para a Obra de Deus, por isso, não são mais do mundo, como disse Jesus:"...Não são do mundo, assim como Eu do mundo não sou..." Jo. 17:16.
                                                                                             
c) A terceira palavra SANTIFICADOS, que indica a maneira de ser de todos os santificados no sangue de Jesus diante de Deus Pai e do mundo (kosmos).

Aparece mais de 100 vezes no V. T. e mais de 30 vezes no N. T.  O seu significado básico é "separados". Exemplo: Jo 17:19 "... Disse Jesus: - E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade." Quando Jesus disse: "- Eu me santifico a mim mesmo", Ele estava afirmando ao Pai que se separava  a si mesmo para a Obra que tinha a realizar. Santificar aqui quer dizer separar simplesmente, e não progredir em santidade, pois, Jesus como o Filho de Deus não tinha pecado, era Santíssimo no sentido absoluto, não precisava crescer mais em santidade. Apenas Ele se separou do “kosmos” para morrer na Cruz. Esta passagem revela que a palavra "santificado" significa basicamente separado. Assim também, o crente é perfeitamente santificado diante de Deus, porém, como Cristo, precisa se separar do mundo (kosmos) e do domínio do pecado para realizar, em verdadeira consagração, a Obra de Deus.

III. OS TRÊS ASPECTOS DA SANTIFICAÇÃO:

Para uma melhor compreensão didática, dividimos este estudo em três pontos:

a) A santificação posicional diante de Deus. Baseia-se no valor eterno e imutável da obra redentora de Cristo Jesus na Cruz do Calvário, ou seja, a purificação dos nossos pecados no  sangue  de Jesus. 1a. Jo. l:7, Apoc. 1:5, 5:9 e  Heb. 10:14, 18 – É o aspecto da  salvação da culpa do pecado.

b) A santificação vivencial, diária, prática - É a vivência prática, autêntica, verdadeira, o testemunho vivo do novo nascimento que se processou interiormente, e que se reflete na maneira comportamental de ser, da nova criatura, pelo poder do Espírito Santo e da Palavra de Deus, a partir do interior para o exterior como nova criatura. Mt. 5:5-16. Jo.3:1-21, 1a. Cor 5:17. – É o aspecto da salvação do domínio do pecado.

c) A santificação final - Só acontecerá quando formos libertados definitivamente da presença do pecado e da morte física dos nossos corpos na primeira ressurreição, os quais serão transformados, glorificados e imortalizados, à semelhança do corpo glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo, na Sua vinda para arrebatar a Sua Igreja Triunfante. 1a. Cor.15:35-58, 1a.Tes.4:13-18. – É o aspecto da Salvação da presença do pecado.

            Estudemos agora os três (3) aspectos da santificação do Crente:

1º - A SANTIFICAÇÃO POSICIONAL.

É a posição da santificação absoluta e eterna do crente genuíno diante de Deus, mediante a fé na graça e na redenção dos nossos pecados, pelo  sangue purificador de Jesus Cristo, feito uma só vez por todas na cruz do calvário. Vide Heb. 10:14."Pois com uma só oblação (sacrifício) aperfeiçoou para sempre os que são SANTIFICADOS", e também, Heb. 10:10, "...Na qual vontade temos sido SANTIFICADOS pela oblação (sacrifício) do corpo de Cristo, feito uma vez". Também em 1a. Cor. 1:2, diz: "À Igreja de Deus que está em Corinto, aos SANTIFICADOS em Cristo Jesus...",e ainda, em 1a. Cor. 6:11, "... tais fostes alguns de vós, mas haveis sido lavados, mas haveis sido SANTIFICADOS, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito de nosso Deus". Ao chamar os crentes em Corinto de SANTIFICADOS, apesar de haver contendas e pecados, o apóstolo Paulo estava dando ênfase posicional da graça salvadora de Deus, em face da remissão de seus pecados, mediante o valor do sangue da nova aliança em Cristo. Tinham sido lavados no sangue do Cordeiro imaculado, perdoados os seus pecados, e justificados em Cristo Jesus. Consequentemente foram comprados e SEPARADOS (santificados) para servir a Deus. Esta santificação diante de Deus é o resultado da Obra salvadora de Cristo que nos comprou por grande preço, isto é, SEU SANGUE, E NOS  SEPAROU  PARA SI MESMO COMO SUA PROPRIEDADE EXCLUSIVA E POVO SANTO. Nesta Obra perfeita e acabada, o mérito pertence exclusivamente ao Senhor Jesus, que por direito nos tirou (airó) para fora do sistema mundano de Satanás, (Kosmos), e nos colocou no "Reino do Filho do Seu amor", Col. 1:13, isto é  exatamente  o que significa a palavra IGREJA  (EK+KLESIA). Aos olhos de Deus, já fomos separados (santificados) eternamente, e somos DELE por direito de compra, cujo preço foi o SANGUE DE JESUS CRISTO, conforme está escrito em 1a. Pe.1:18-19, e Ef.5:25-26.: "...fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um CORDEIRO IMACULADO E INCONTAMINADO". O apóstolo Paulo afirma a respeito da Igreja: "...como também Cristo amou a sua Igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a SANTIFICAR, PURIFICANDO-A com a lavagem da água pela palavra".

2º - SANTIFICAÇÃO VIVENCIAL OU PRÁTICA.

É a maneira de ser revelando o verdadeiro crente e o falso, o nominal-teórico e o verdadeiro-prático, pois, como disse Jesus: "os verdadeiros adoradores, adoram o Pai em espírito e em verdade". Jo.4:23. E isto só pode se evidenciar pelos nossos atos e fatos vivenciados diariamente, refletindo exteriormente como LUZ E SAL diante do mundo o que somos de fato e em verdade em Cristo, através do nosso testemunho. Vide 2a. Cor.3:18. É na experiência da vida diária, onde se revela a grande distância entre o " discurso" e a "prática", entre o falso crente e o verdadeiro crente, cheio do Espírito Santo, entre o "frio" e o "quente", conforme disse Jesus em Apoc. 3:15,16: “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxolá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio ou quente, vomitar-te-ei da minha boca”. .

a) O NOVO HOMEM EM CRISTO REFLETE A IMAGEM SANTA DE JESUS.  O verdadeiro e genuíno crente filho de Deus, naturalmente, por ser nova criatura tem que consequentemente, refletir no cotidiano a sua mudança radical de SER SANTO POR SER SANTIFICADO POR CRISTO, de fato e em verdade. O novo homem interior, necessariamente, é refletido na imagem exterior do homem-crente, em virtude de uma coisa está vinculada a outra, por conseqüência de causa e efeito, isto é, a causa da nossa santificação exterior, "em toda nossa maneira de viver" é a nossa transformação interior pelo Espírito Santo, via novo nascimento integral: ESPÍRITO, ALMA E CORPO. 1a. Tess. 5:23. A vida prática do crente, necessariamente, tem que corresponder à sua nova vida comportamental de genuíno FILHO DE DEUS, SEPARADO (separado do mundo corrompido) para o serviço do Senhor Jesus Cristo, como fiel testemunha. Apoc. 2:10b. "... Sê  fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida". Aí, então, o crente por inteiro, integral, ESPÍRITO, ALMA E CORPO, prova autenticamente diante do mundo, a verdadeira  fé que ele tem no coração. A maneira de ser, de existir, como "Sal e Luz", no dia-a-dia da vida, ele dá prova cabal de sua fé através de seu testemunho. Leia Ez.23:25-30, At. 1:8, Mat. 5:16; 7:15-23, Ap. 19:8. Foi assim que o apóstolo Paulo definiu o verdadeiro testemunho do crente. "...E vos revistais do novo homem que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e SANTIDADE." - Ef. 4:24. Também em Rom. 12:1-2, o mesmo apóstolo, exorta-nos a apresentar nossos corpos: "...em sacrifício vivo e santo... que é o nosso culto racional", e ... não nos conformar (tomar a forma de, imitar, modelar-se, identificar-se) com este mundo (com o padrão mundano), mas transformai-vos (dar nova forma), pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis (vivenciar na prática), qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”...

A vontade de Deus é que se produza em nós, através da santificação diária, a imagem santa de Seu Filho, como embaixadores do Seu Reino Santo, como está escrito em 2a.Cor. 3:18. "E todos nós, com o rosto desvendado contemplando como por um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito Santo".  Aqui está claro que o Espírito Santo de Deus opera em nós, diariamente, progressivamente, pelo QUAL vamos nos tornando a semelhança do Filho de Deus,  refletindo como luz no espelho, a imagem do Seu caráter Santo através do nosso testemunho vivo,  até o dia da nossa ressurreição.

b) O SACRIFICIO VIVO DO NOSSO CORPO DEVE SER SANTO. Assim, o crente fiel que apresenta o seu corpo em sacrifício vivo, SANTO, separando-se do mundo ímpio, corrompido, (kosmos), e do pecado, ele, por inteiro oferece-se em consagração ao serviço (diakonai) do seu Senhor, como nova criatura, ressurreto dentre os mortos, no altar da graça. Leia: Rom.6:11-23; Col.3:1-4. e Mt.27:52 , Hb 12:14. “Segui a paz com todos e a santificação, sem qual ninguém verá o Senhor”. Que achas?...Encontramos esta verdade claramente em Rom. 6:13, que diz: "Nem ofereceis cada um os membros do seu corpo ao pecado como instrumentos de iniquidade, mas oferecei a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça". O sentido do verbo usado aqui é o mesmo usado em Rom. 12:1, e significa "separar-se (santificar-se) para Deus”. Esta é a santificação prática e experimental. A vida do crente como fiel testemunha na vivência prática que está controlada pelo Espírito Santo, e não mais pela letra da Lei - pois já crucificou a carne, o pecado e o mundo - agora, vive sob o domínio e controle soberano do Espírito Santo, conforme Rom.8:14; Gal.2:20; 5:16-26; 6:14..

 É como disse Jesus em Mateus: "...Por seus frutos os (falsos profetas) conhecereis. Por ventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus"... "Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus". Mt.5:15-29. Que tal? Não é pelos frutos que se conhece que a árvore é boa? Então, pelos frutos que o crente produz - O SEU TESTEMUNHO - é que também se conhece o verdadeiro, bom e sadio (santo)  filho de Deus, como fruto da "videira verdadeira", Jesus Cristo. Jo.15:1-8.

            c) O PECADO NÃO TEM DOMÍNIO SOBRE O CRENTRE GENUINO. A conseqüência natural dessa entrega total ao poder do Espírito Santo, é a libertação do domínio do pecado na vida diária. Leiamos em Rom. 6:14-18,22."Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estás debaixo da Lei, mas debaixo da graça. ...Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei...? De modo nenhum.  Não sabeis... que sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para a Justiça"? ... Mas agora, libertado do pecado, e feitos servos de Deu, tendes o vosso fruto para SANTIFICAÇÃO, e por fim a vida eterna".

Nesta peregrinação temos que, vitoriosamente, EFETUAR NOSSA SANTIFICAÇÃO. (Hb  12:14), isto é, do domínio do pecado sobre nós, crucificando a vontade da carne com suas concupiscências e paixões mundanas. Gal. 5:24.  Por isso mesmo, está escrito em Fil. 2:12b,13,15: "... assim também efetuai a vossa salvação com temor e tremor.., para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no Mundo". (Kosmos).  Daí o valor e importância de nosso testemunho vivo e autêntico diante do mundo, como LUZ E SAL DA TERRA.. Mat. 5:13-16. Amém.

3º - A SANTIFICAÇÃO FINAL-

É a libertação total da presença do pecado, que se dará na primeira ressurreição, quando o nosso corpo será transformado, glorificado e imortalizado. 1a.Cor. 15:51-54. Trata-se da remoção total da presença do pecado no corpo do crente genuíno, o que só se efetuará na 2a. vinda do Senhor Jesus, para arrebatar a Sua Igreja triunfante. Leia. 1a. Tes.4:13-18. Diz São Paulo, ‘é nessa esperança que fomos salvos.:"...até nós que temos as primícias do Espírito Santo, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoção, a saber, a redenção do nosso corpo..., porque nesta esperança fomos salvos..." Rom.8:19-25. Isto é, fomos salvos da culpa e do domínio do pecado, na esperança de sermos salvos da presença do pecado, no dia da "manifestação da glória dos filhos de Deus" na ressurreição dos nossos corpos. Também o apóstolo João afirma esta mesma verdade em 1a. Jo.3:2-3, "...Amados agora somos filhos de Deus... e sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é, ...e todo que nEle tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, como também Êle é puro’. (Santo). Em outras palavras, quer dizer que seremos iguais a Ele, sem a presença do pecado em nosso corpo que impede ver Sua glória, e os nossos corpos serão imortalizados e glorificados eternamente. Amém. Também o apóstolo Paulo, na mesma linha de pensamento, disse a respeito da Igreja, como a Sua noiva, em Ef. 5:25-27. "...Cristo amou a Igreja, a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, a fim de apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível". Será assim mesmo, quando Ele nos transformar completamente pela Sua presença na Sua vinda gloriosa, quando nós nos apresentaremos com nossos corpos, almas e espíritos "santos e irrepreensíveis diante dEle”, e não nos "envergonharemos na Sua vinda". Leia: 1a. Tess. 5:23 e 1a. Jo. 2:28.

Por último devemos considerar a exortação clara da Palavra de Deus que afirma assim:

“ (...) E FAZEI VEREDAS DIREITAS PARA OS VOSSOS PÉS, PARA QUE O QUE MANQUEJA SE NÃO DESVIE INTEIRAMENTE, ANTES SEJA SARADO. SEGUI A PAZ COM TODOS , E A SANTIFICAÇÃO, SEM A QUAL NINGUÉM VERÁ O SENHOR”. Hb 12.13-14.

         IV. MEIOS DA SANTIFICAÇÃO:

            O Teólogo Myer Pearlman definiu os três meios da santificação integral assim:

a) O sangue de Jesus - que proporciona a santificação absoluta, quanto à posição perante Deus, pela obra expiatória de Jesus na cruz do calvário.

b) O Espírito Santo – é o meio interno que efetua a transformação da natureza do cristão
.
c) A Palavra de Deus – é o meio externo e prático, que lava, santifica, com respeito ao comportamento do crente genuíno. (testemunho).

            Desta forma Deus faz provisão tanto para a santificação absoluta (o sangue de Jesus), interna (o Espírito Santo), como a externa (a Sua Palavra), que todo crente se apropria pela fé e obediência incondicional, a saber:
           
            1. O Sangue de Jesus Cristo tem o valor eterno e absoluto. Em conseqüência da Obra de Cristo, o pecador penitente é transformado de pecador impuro em santo adorador, diante de Deus. A santificação posicional é o resultado dessa maravilhosa Obra do Filho de Deus, ao oferecer-se no Calvário para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. O crente genuíno é, portanto, eternamente separado para Deus, Sua consciência é purificada, e ele próprio é transformado à semelhança da imagem do Filho de Deus. Rom. 8:29. Heb.1O:1O,14; 13:12.

            2. O Espírito Santo é o meio gerador da santificação interna que projeta externamente o novo homem em Cristo, vencedor, superior, dominador do velho homem adâmico, numa autêntica substituição do velho pelo novo homem em Cristo, passando pela morte e ressurreição espiritual. Assim, o ego (EU) do velho homem é trocado pelo "Eu" novo unido e submisso ao Senhorio de Cristo. Como disse São Paulo: "... Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu (ego) mas Cristo vivo em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus..." Gál. 2:20, Col. 3:1-14, 1a. Cor.6:11, 2a.Tes.2:13, 1a.Pe. 1:2, Rom.15:16, Tit. 3:5.  Por estes textos bíblicos, verificamos que a santificacão se processa do interior para o exterior, por meio do Espírito Santo, refletindo, a obra regeneradora de Cristo Jesus, e que se manifesta pelas obras e Fruto do Espírito. Leia: Gal.5:22-25, e Tg. 2:14-26.. Exemplo. "...Assim também a fé se não tiver as obras, é morta em si mesma...", e eu mostrarei a minha fé pelas minhas obras” .A condição natural e espontânea do filho de Deus é ser dirigido e orientado em direção às coisas santas do Reino de Deus em oposição ao Reino das trevas neste mundo. (kosmos). Como  está escrito em Rom. 8:14, "...Pois os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus", e não para as coisas do mundo que já está crucificado, segundo Gálatas 6:14b.: "...o mundo já está crucificado para mim e eu para o mundo".

            3. A Palavra de Deus é o meio que santifica lavando as sujeiras do crente peregrino em contato com este mundo (kosmos), a fim de que ele possa servir ao Senhor em verdadeira consagração e santidade. Jesus mostrou isto no lava pés dos discípulos, como exemplo de purificação e humildade. Jo. 13:8, 10. Veja o que Jesus disse a Pedro: "...Se eu não te lavar, não tens parte comigo"., isto é, lavar os pés. Como Pedro não entendeu, pedindo para lavar "não só os pés, mas também as mãos e a cabeça", Jesus tornou a ensinar com mais profundidade, dizendo: "Aquele que já está lavado (interiormente) não necessita de lavar senão os pés, (exteriormente), pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos".  Jesus tornou a afirmar este ensino em Jo. 15:3, assim: "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado". 

Portanto, há uma dupla lavagem pela palavra de Deus, no interior e no exterior, a sabe:

a) No Interior. - No interior é regeneradora, quando cremos na Palavra de Deus, como disse o apóstolo Pedro, assim: Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”. 1ª Pe 1.23. Ler também Ef. 1.13; Tt 3.5.

b) No exterior. – É como a água purificadora, (Nm 19.7-13; Ef 5.26-27), age no exterior santificando ou purificado, quando a obedecemos e a praticamos, cotidianamente, em nossa peregrinação neste mundo, representada pela lavagem dos nossos PÉS. Fica, então, claro que se não crermos integralmente na Palavra de Deus como norma absoluta de fé e conduta prática, é considerado pelo Senhor, como um ato de insubordinação e pecado, que impede a nossa comunhão e participação no Reino de Deus. É isto que aprendemos com Jesus no lava pés: "...se Eu não te lavar os pés, não tens parte comigo." Isto é, deve lavar as mãos, (Ex 30.17-21}, que significa os nossos atos, e deve lavar os nossos pés, que significa guardar-se da corrupção do mundo. Como Paulo escreveu a Timóteo sobre a qualificação das verdadeiras viúvas: (...) “se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda boa obra”.  Ler: Sl 51.2, 7; 58.10; 73.13; 1ª Tm 5.10.  1a. Jo. 2:15.

c) A santificação exterior é para ser vista como a luz que brilha. Deve ser vista, como se ver o brilho da luz na “candeia” – o nosso corpo -. Se carregarmos conosco alguma sujeira - imundícia mundana - no dia-a-dia da nossa vida prática, não poderemos refletir a luz do Evangelho.  Só poderemos vê-la quando a Palavra de Deus que é a verdade imutável e absoluta, limpar, purificar, lavar o nosso vaso – o corpo - como a água limpa o exterior da candeia, para não ofuscar o brilho da sua luz interior.  Aí, a Palavra de Deus funciona como á água que limpa, quando a vivenciamos, e mostra como por um espelho se estamos em desobediência à mesma ou não. Se tivermos em nossa vida alguma coisa errada, sujeira, imundície, etc, devemos lavar-nos, uns aos outros, ensinando e exortando-nos, mutuamente, submetendo-nos humildemente a disciplina, para, assim, ter parte "no Reino de Deus". Porque, não podemos carregar conosco a sujeira do mundo (kosmos) que é contra a Palavra de Deus e à santificação.

Veja o que está escrito na Palavra: Jo 17.17 “Santifica-os na Palavra; a tua Palavra é a verdade”. "... Não ameis o mundo (kosmos), NEM O QUE HÁ NO MUNDO. SE ALGUÉM AMA O MUNDO, O AMOR DO PAI NÃO ESTÁ NELE".  Leia mais os textos: Jo. 17:14-17; Ef. 5:26; Sal.119:9, Tg.1:23-25. e Mat.7:24-29.

            Para um melhor entendimento vamos explicar as cinco maneiras como a Palavra de Deus funciona no processo da SANTIFICAÇÃO, a saber:
           
            1. Como á água que lava a sujeira interior do vaso, assim: Começa com a lavagem interior, através do Novo Nascimento, como Jesus disse a Nicodemos: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar o no reino de Deus” (Jo 3.5) .. O apóstolo confirma essa verdade dizendo: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”. 1ª Pe 1.23.
Veja como Jesus fez a diferença da lavagem interior com a exterior: “Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos”. (Jo 13:8-11) Judas Iscariotes não estava limpo interiormente.

2. Como a água que lava sujeira do exterior, assim: “Disse Pedro nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar (os pés), não tens parte comigo. (...) Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: AQUELE QUE ESTÁ LAVADO (interiormente) NÃO NECESSITA DE LAVAR SENÃO OS PÉS, POIS NO MAIS TODO ESTÁ LIMPO. ORA VÓS ESTAIS LIMPOS, MAS NÃO TODOS.) Veja como Jesus aplicou esse ensinamento, da lavagem pela Palavra exteriormente,  em Mt 5:16: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.  Jesus na parábola da Videira também afirma: “Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. “Vós, já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”. Também o apostolo Paulo ensinou, assim: “...como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a SANTIFICAR, PURIFICANDO-A COM A LAVAGEM DA ÁGUA, PELA PALAVRA. Para “apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas SANTA E IRREPREENSÍVEL”.

3) Como um espelho que reflete a santificação pela Palavra através de nossa vida diária e prática: A Palavra de Deus comparada como um espelho, está em Tiago, 1:23b, 24b.,"...porque se alguém é ouvinte da Palavra, e não cumpridor, é semelhante ao varão que se contempla no ESPELHO o seu rosto natural...,  vai-se e logo se esquece de como era"., isto é, não cumpre nem obedece a Palavra, é comparado por Jesus como "...o homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia... e ela caiu, e foi grande a sua queda", porque não foi cumpridor da Palavra. Portanto, aqui, a santificação pela Palavra de Deus, só brilhará se o nosso testemunho pessoal, como um espelho, se não estiver ofuscado pela mancha do pecado. 

4) Como uma espada de dois gumes. A Palavra de Deus é como uma espada de dois gumes, que tem o poder de separar, cortar, dividir o que é da carne, do pecado, do ego humano, isto é, da alma e do espírito, por que é “Espírito e vida) (Jo 6.63). Só a Palavra de Deus é: "... viva e eficaz... e penetra até a divisão da alma e do espírito...  e é apta para discernir os pensamentos e intenção do coração..." Portanto, só a Palavra de Deus é capaz de dividir, SEPARAR, as coisas da alma, ou ego humano, e do espírito, isto é, do novo homem interior em Cristo Jesus. Se a obedecemos, consequentemente nos SANTIFICAMOS E NOS SEPARAMOS do mundo para nos consagrarmos, nos santificarmos, incondicionalmente, ao Senhor Jesus. (II Cor 6:14-18; 7:1; I Pe 1.16) .

5) Como a luz de uma lâmpada. A Palavra de Deus funciona na nossa vida como a luz numa lâmpada iluminando a nossa peregrinação no caminhar desta vida. Como está escrito assim: “Lâmpada para os meus pés é tua Palavra, e luz para o meu caminho” (Sl 119:105). Portanto, a Palavra de Deus é como a luz que brilha e dissipa as trevas, purifica-nos, para não pecarmos, não tropeçarmos na nossa caminhada em direção à morada celestial, como está escrito: “Desvia os meus olhos de contemplar a VAIDADE, E VIVIFICA-ME NO TEU CAMINHO” . (119:9,11,37; Jo 14:6)

V. EXEMPLOS PRÁTICOS DE RESISTÊNCIA À PALAVRA DE DEUS E À SANTIFICAÇÃO:

            Vejamos exemplos em alguns textos bíblicos que demonstra o verdadeiro crente que obedece a palavra de Deus e o falso crente que não obedece a Palavra de Deus:

            a) A desobediência e rebelião de Saul, registrada em I Sam. 15:22,23: "Porém Samuel respondeu: Tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se OBECEÇA A SUA  PALAVRA? OBEDECER É MELHOR DO QUE SACRIFICAR, E ATENDER MELHOR É DO QUE A GORDURA DE CARNEIROS. POIS A REBELIÃO É COMO O PECADO DE FEITIÇARIA, E A OBSTINAÇÃO É COMO A INIQUIDADE DE IDOLATRIA. PORQUANTO REJEITASTE A PALAVRA DO SENHOR, ELE TAMBÉM TE REJEITOU A TI, PARA QUE NÃO SEJAS REI". Saul morreu porque resistiu a Palavra de Deus. I.Cro.10:13-14. Aqui está bem claro que o Rei Saul foi rejeitado porque rejeitou a Palavra do Senhor, e foi considerado como pecado de feitiçaria e idolatria. A Palavra do Senhor mudou? Não, ela permanece para sempre.

            b) A desobediência do povo tirado do Egito. Por que Deus não podia ir no meio do povo que saiu do Egito? Deus não podia ir no meio do povo de Israel que saiu do Egito, "PORQUE ERA UM POVO DE DURA  CERVIZ", rebelde e desobediente. Qual era a desobediência?  Leia em Ex. 33:1-6. A resposta está no versículo 5. Vejamos: "...O Senhor tinha dito a Moisés: ÉS UM POVO DE DURA CERVIZ. TIRA, POIS, DE TI OS ATAVIOS (idolatria, enfeites, adornos, pinturas, costumes do Egito), PARA QUE EU SAIBA O QUE HEI DE TI FAZER". Por que Deus não podia ir com o povo? Porque o povo levava sobre si, através dos ATAVIOS, sinais visíveis de todos os costumes mundanos, idólatras, valores amaldiçoados do Egito, característicos deste mundo (kosmos) cosmético.   Para Deus não há meio termo, mornidão, mas convicção. Ou obedecer a sua Palavra ou tomar sobre si os ATAVIOS, ou a LUZ ou as TREVAS, as duas coisas juntas não dá certo. Leia: Apoc. 3:14-22. "...Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca." Apoc. 3:16. Que achas? Sim ou não?...

            c) O Povo por um momento tirou os ATAVIOS, mas, depois continuou rebelde no coração, não se converteram mesmo. Isto é hipocrisia e farisaísmo que o Senhor não aceita. Ex.33:6.  Deus quer que O adoremos EM ESPÍRITO E EM VERDADE, com sinceridade, e não forçados. Jo.4:23.

d) O povo continuou rebelde. Vejamos alguns textos bíblicos onde o Senhor continuou reafirmando essa doutrina, falando a esse Povo rebelde: Deut. 22:5. "A mulher não usará roupa de homem, nem o homem roupa de mulher, pois quem faz tal coisa é ABOMINÁVEL ao Senhor teu Deus".  A questão aqui não é a roupa em si mesma, mas o que ela tipifica, o que ela caracteriza do ponto de vista sexual e sensual, no homem ou na mulher.  Como na sociedade pós modernidade de hoje se usa banalmente os termos: unisex, lesbianismo e homossexualismo que são ABOMINAÇÕES diante do Senhor, até mesmo na aparência exterior através de uma vestimenta. O que a palavra de DEUS condena é a perversão sexual e a  imoraidadel em qualquer dimensão.

Para melhor evidenciar isto, vejamos o que diz a Bíblia Sagrada.

a)       Sobre o homossexualismo: Leia Lev.18:22 "... com o homem não te deitarás como se fosse mulher, É ABOMINAÇÃO. ". Este mandamento continua valendo no Novo Testamento (N.T.), em Rom.1:26-27. Rm 1. V.27: "Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, inflamaram-se... homem com homem, cometendo torpezas, e recebendo em si mesmos a penalidade devida ao seu erro". 

b)      Sobre o lesbianismo: E mais: Rm.1:26b ..."até as mulheres mudaram o uso natural, no CONTRÁRIO A NATUREZA" ... Ainda leiamos em Apoc. 21:8. "Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos ABOMINÁVEIS,... a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte". At.15:29; 1a.Cor.10:8, Ef. 5:3.Tire a sua conclusão. OK?        

c)       Sobre o julgamento de Deus. Veja o juízo da Palavra de Deus sobre estas coisas: 1a.Cor.6:9-10; V. 9: ..."Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem EFEMINADOS, NEM SODOMITAS (homossexuais), ...". "V.10: nem ladrões, nem avarentos, nem adúlteros, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores HERDARÃO O REINO DE DEUS".   E em apocalipse cap 21.7-8:: “ v7 Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. v8 Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte”.  Na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, volume 2, página 808, diz que: “Fornicação, no grego ”pornôi”,  é a relação sexual ilícita entre pessoas  solteiras, isto é, não casadas licitamente.  E a palavra grega “porneia”, em 1ª Cor 5.1, é usada com o sentido geral de imoralidade, quando então indica todas as formas de desvio sexual”.                                                                                               

VI. EXEMPLOS DE TEXTOS CONTRA OS COSTUMES MUNDANOS E A VAIDADE NO V. TTESTAMENTO E  NO N. TESTAMENTO:  

1. Em princípio sabemos que os costumes são oriundos de atos repetitivos e banalizados pelos povos politeístas que, assim fazendo, formam os valores culturais sedimentados pelos costumes das sociedades  pagãs, e até mesmo, das sociedades chamadas ocidentais cristãs (?). Este foi o motivo do choque cultural entre o povo de Deus tirado do Egito e a nova ordem implantada por Deus pela revelação da Sua Palavra transmitida por meio de Moisés. Portanto, havia um desafio declarado por Deus para o povo escolher a quem servir deixando os costumes trazidos do Egito, ou, seguir ao Deus santo, cujo caráter e santidade, agora, estão revelados na Sua Palavra.

2. Foi assim que Deus se expressou ao povo de Israel: “ Ex 19: v4 Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim; v5 agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha. v6 E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. v7 E veio Moisés, e chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas estas palavras que o Senhor lhe tinha ordenado”.Deut. 6: v1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor, vosso Deus, para se vos ensinar, para que os fizésseis na terra a que passais a possuir; v2 para que temas ao Senhor, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. v3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta que os guardes, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o Senhor, Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel. v4 Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. v5 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. v6 E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; v7 e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. v8 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos.v9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”.

3. Há sempre uma guerra (Tg 4;.1-9), um contraditório entre alguns textos bíblicos que combatem os maus costumes mundanos (kosméticos), referente à exaltação, à soberba, ao orgulho, à luxúria, à sensualidade e outros hábitos semelhantes, indo claramente de encontro à exaltação, à soberba e auto-afirmação do "EGO", isto é, combatendo o processo social do EGOISMO generalizado em todas as áreas do comportamento humano.  Este permanente conflito só será resolvido se o EGO for crucificado, negando-se a si mesmo, e se Cristo for entronizado em nós, verdadeiramente, como diz a Palavra de Deus assim: "NÃO EU MAS CRISTO VIVE EM MIM.. Gál.2:20. Ler também os seguintes textos bíblicos paralelos que tratam também da santificação neste aspecto: Gl  5:16-26; 6:14.

4. Aqui é que entra a política do “MARKETING” comercial, da propaganda perniciosa na formação de conceitos novos, em prejuízo dos valores éticos-cristãos baseados na Palavra de Deus,  numa verdadeira guerra consumista de produtos oriundos de uma sociedade corrompida que não quer Deus nos seus negócios, nos seus costumes, mas que só busca o acúmulo das riquezas materialistas, dos “status” sociais em detrimento aos valores morais, éticos, cristãos. Nesta concorrência o cristão não pode entrar, pecando contra a Palavra de Deus, consciente ou inconsciente, indiferente, ou mesmo, omitindo-se, pois quem sabe fazer o bem e não o faz, "com isto está pecando". Tg 4.17.

Consideremos mais alguns exemplos de textos bíblicos neste assunto, na Bíblia:

            a) No Velho Testamento -

 Como já mencionamos, em Êxodo 33:1-6; O Senhor Deus disse a Moisés, que "não subiria no meio do povo, porquanto era povo obstinado, para que não o consumisse  no caminho, pois, "...conforme ouvira o que o Senhor tinha dito a Moisés, que tirasse os atavios (enfeites do Egito), se não o consumiria pelo caminho".... "E o povo ouvindo essa má notícia, entristeceram-se, e nenhum deles pôs sobre si os seus atavios". MAS CONTINUARAM OBSTINADOS, COMO AINDA VEMOS EM Is. 3:16-24. Citemos algumas vaidades: "Diz o Senhor: as filhas de Sião se exaltam, e andam de pescoço erguido, e tem olhares impudentes (descarado, sem-vergonha, despudorado) e, quando andam, como que vão dançando, e fazendo retinir os ornamentos dos seus pés, ... Naquele dia tirará o Senhor os seus enfeites: os anéis dos artelhos..., os brincos, os braceletes, os véus, os diademas, as cadeias dos artelhos, os cintos, as caixinhas de perfumes e os amuletos, os sinetes, os anéis pendentes do nariz, os vestidos transparentes (diáfanos), os mantos, os xales, as bolsas, os espelhos, as tiaras e os véus..." Tudo isto diz respeito à luxúria, vaidade e exaltação pessoal que afofa o EGO e o orgulho. 

Porém o povo continuou rebelde, historicamente, até chegar ao cativeiro babilônico, conforme profetizou Jeremias, assim: "...Assim diz o Senhor: que injustiça acharam vossos pais em MIM, para se afastarem de MIM , indo após a VAIDADE (é idolatria e prostituição espiritual) tornando-se levianos?  Jer.2:5. Ainda em Ezequiel cap. 23, Deus exorta  o povo mais uma vez contra as abominações do Egito, numa parábola das "Duas irmãs adúlteras", sendo a mais velha, Oolá que é Samaria e a mais moça, Oolibá, que é Jerusalém, porque trouxeram a idolatria, os maus costumes e as  vaidades do Egito e não as abandonaram, conforme está escrito nos vv. 25,26, e 27: "...Porei contra ti o meu zelo... o que ficar será consumido pelo fogo, também te despirão os teus vestidos, e te tomarão as tuas JÓIAS DE ADORNO, assim farei cessar em ti a tua LUXÚRIA e a tua prostituição, INICIADAS NA TERRA DO EGITO.." O Egito é um dos tipos deste mundo (Kosmos).

            b) No Novo Testamento

1. Quanto às vaidades, o Senhor continua exortando no N. Testamento., conforme está escrito em: 1a. Tm. 2:9-10, assim: "Quero que, do mesmo modo, as mulheres se ataviem com traje decoroso (com pudor), com modéstia e sobriedade (moderação), não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos dispendiosos, mas como convém as mulheres que fazem profissão de servir a Deus com boas obras". São Paulo aqui faz um resumo do que já foi mencionado acima escrito no V. Testamento. Por outro ângulo traz-nos mais luz sobre o assunto para a atualidade,  quanto aos trajes indecorosos, sensuais, tipo "unissex", como calças justas ligadas ao corpo mostrando as “vergonhas”, tanto para o homem como para a mulher, vestidos justos, transparentes, curtos demais como a  mini-saia, shorts ligados ao corpo, que mais servem para mostrar a curvatura corporal,  a nudez provocante e sensual, do que cobrir com pudor as vergonhas, as partes íntimas do corpo. Assim numa inversão total de valores, o que servia para cobrir com modéstia o corpo, passou a ser instrumento iníquo de provocação sensual, que é pecado. Está escrito assim em Ap 3.18: “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”, e, “Ap 16.15 Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas”

2. O apóstolo Pedro também escreveu sobre este assunto, em 1a. Pe. 3:l-7. "...Vós Mulheres... considerando a vossa vida casta (pura), em temor. A beleza  das esposas NÃO SEJA O ENFEITE (ADORNO) EXTERIOR, COMO O FRISADO DE CABELOS, O USO DE JÓIAS DE OURO, OU O LUXO DOS VESTIDOS,  mas a beleza interior, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, QUE É PRECIOSO DIANTE DE DEUS." A ênfase que o apóstolo Pedro está dando aqui, inspirado pelo Espírito Santo, claro, É A BELEZA INTERIOR QUE É PRECIOSA  DIANTE DE DEUS.

VII - A PSIQUE DA AUTO-AFIRMAÇÃO - UM ESTADO PATOLÓGICO DA ALMA.

Quando o crente em Jesus Cristo tem a convicção interior DA SEGURANÇA E DA VERDADE DA PALAVRA DE DEUS, ele ou ela, não precisa mais de compensação psicológica exterior de auto-afirmação, em busca de projetar uma falsa imagem que não corresponde à realidade. Caso contrário, ele ou ela, procura o recurso artificial da MAQUIAGEM (máscara), para que através dela, as pessoas a contemplem de uma maneira diferente, artificial, que ela própria reconhece que não o é diante de um espelho.  Assim, enganando-se a si mesma (o), e não a Deus, extravasa o seu orgulho e exaltação interior, pelo recurso artificial da "beleza exterior" que por isto é vã diante de Deus, pois é VAIDADE. Tg 1:22. " ...Sêde cumpridores da palavra de Deus e não ouvintes... esquecidos, enganando-se a si mesmos". Esse comportamento desequilibrado, denuncia um estado “DOENTÍO” da alma, ou seja, um sintoma desequilibrado - PSICO-PATOLÓGICO - que é pecado, ao contrário de "UM ESPÍRITO MANSO E TRANQUILO", que é 'PRECIOSO DIANTE DE DEUS". (1ª Pe 3.4). Aquele que tem a verdadeira paz interior, inclusive neste aspecto abordado aqui, é tranqüilo e não se abala por estabilização circunstancial de coisas exteriores, instáveis,  mutáveis e materiais. Pois, devemos  renunciar o presente século e seu sistema diabólico, como disse o apóstolo Paulo: “Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e as concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente”.. (Tit 2:12)

VIII. CONCLUSÃO.

            Concluindo a santificação total em três aspectos, é operada integralmente, em todo nosso ser, EPÍRITO, ALMA E CORPO, de dentro para fora, diante de Deus e dos homens, como LUZ E SAL DA TERRA, interagindo, integralizando e interoperacionalizando em todo nosso ser, de tal maneira que possamos, como embaixadores do Rei e Senhor Jesus, refletir a Sua imagem pura e santa,  verdadeiramente, em toda nossa maneira de viver. (1ª Pe 1.15-16}.

Os meios e provisões para isto já foram providenciados por Deus, que são aqueles três:

1. O SANGUE DE JESUS, QUE NOS PURIFICA DE TODO PECADO;

2. O ESPÍRITO SANTO, QUE NOS REGENERA E NOS GUIA,

3. E A PALAVRA DE DEUS, QUE NOS PURIFICA, LAVA POR DENTRO E POR FORA, ATÉ A DIVISÃO DA ALMA E DO ESPÏRITO.

O que nos resta agora é vivenciar a Palavra de Deus, como disse o apóstolo Pedro: "Como filhos obedientes,  (...) NÃO VOS CONFORMANDO COM AS CONCUPISCÊNCIAS QUE ANTES HAVIA EM VOSSA IGNORÂNCIA; MAS, COMO É SANTO AQUÊLE QUE VOS CHAMOU, SEDE SANTOS EM TODA VOSSA MANEIRA DE VIVER, PORQUANTO, ESCRITO ESTÁ: SEDE SANTOS, PORQUE EU SOU SANTO".  (I Pe 1:14-16) Amém.

Terminamos com as palavras de Tiago, irmão do Senhor, que define a verdadeira Religião, a saber: "A religião pura e imaculada para com Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e APARTAR-SE DA CORRUPÇÃO DO MUNDO (Kosmos).  Assim é como Deus quer que vivamos neste mundo, sendo as suas fieis testemunhas, para honra e glória do Seu nome.  Obedeçamos o mandamento do Senhor Jesus que está escrito em Jo,17:17, "Santifica-os na VERDADE, A TUA PALAVRA É A VERDADE". Amém.

                                   Pr Djalma Pereira.
                                                       São Paulo-SP, 26 de Outubro de 1995, revisado em 24/03/2007 

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Observação: Este estudo está no Site da Igreja de Cristo em São Paulo, a saber: www.icb-sp.org.br


IGREJA DE CRISTO EM SÃO PAULO - SP





     
   

ASSUNTO:  A SANTIFICAÇÃO EM TRÊS ASPECTOS





  Textos básicos: "Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também SANTOS EM TODA VOSSA MANEIRA DE VIVER, porquanto, escrito está: SÊDE SANTOS, PORQUE EU (DEUS) SOU SANTO".    (I Pe. 1:15-16).

                   “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. (Hb 12.14).

                   “Santifica-os na verdade; a tua Palavra é a verdade” (Jo 17.17)





Autor: Pr Djalma Pereira






SÃO PAULO – SP.







           

























































































XXXVII  ASSEMBLÉIA DO CONSELHO NACIONAL
DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
ESTUDO: O Papel da Mulher na Igreja

Palestrante: Pr. Djalma Pereira
23 A 26 DE JULHO/98
PARNAMIRIM/RN













































 

Oficialato Feminino - O Papel da Mulher na Igreja -

 Textos: Lc. 8: 1-3, At. 1: 14; 12: 11-17; 16: 12-15; Rm. 16: 1,3,6,12 – (Pr. Djalma Pereira)

Natal 23-25 de julho de 1998

 Introdução:

 O papel da mulher na Igreja de Cristo, no Brasil, tem sido importante e mui especial através das suas Sociedades de Obreiras Cristãs ( SOCICs ), (Agora, “Departamentos das Mulheres da Igreja de Cristo”), organizadas e atuantes a níveis locais regionais e nacionais, tendo em vista o sucesso dos últimos congressos realizados no Brasil. No compendio doutrinário de base de fé da Igreja de Cristo no Brasil explica o papel da mulher cristã no contexto da nossa Igreja, como Diaconisas – mulheres esposas dos Pastores, Presbíteros e Diáconos, auxiliando-os nos seus encargos ministeriais. (2ª Tes 2.15;  I Tm. 3: 11 ).

            O papel da mulher passar pelo lar como esposa, e também como ajudadora nos ministérios ( Lc. 8: 3b ) e nas Igrejas no exercício dos dons concedidos pelo Espirito Santo ( I Tm. 5: 1-16; Tit. 2: 1-5 ).
           
A questão se as mulheres podem ser ordenadas ou não:

O Presente estudo está baseado numa apostila do Pastor Presbiteriano: Augusto Nicodemus Lopes. Com mestrado em N.T. pela Potschefstroom University for Christian Higher Education, na África do Sul

Esta questão tem sido motivo de sérios debates entre igrejas evangélicas em todo mundo nas últimas décadas, dividindo várias denominações, como por exemplo, nos Estados Unidos e na Europa.

            Há duas posições entre os Evangélicos, são:

a)      Os igualitaristas;

b)      Os diferencialistas.

Os Igualitaristas – Afirmam que Deus criou o homem e a mulher iguais; “a subordinação feminina foi a partir da “queda” com conseqüências sócio – culturais”. Em Cristo, dizem, é removida, e assim, têm direitos iguais aos dos homens de ocupar cargos de oficialato nas Igrejas. ( Pastoras, Presbíteras e Diaconisas). ( Gal 3: 28 ).

Os Diferencialistas – Entendem que desde a criação e pôr tanto antes da queda - Deus estabeleceu papeis distintos para o homem e a mulher, visto que ambos são peculiarmente diferentes, e são “complementares” nas suas características e funções, portanto,  não se trata de inferioridade. O homem foi feito como cabeça da mulher, e tem diferente papel funcional, que é o papel de cabeça e líder. Assim os diferencialistas, afirmam que diferença de papeis e igualdade ontológica (do ser) são duas verdades perfeitamente compatíveis e bíblicas enquanto que para os igualitaristas afirmam que diferença de papeis implica em julgamento de valor.

A questão preocupante hoje é: “Podem as mulheres serem ordenadas ao oficialato eclesiástico para servir no ministério?”
            A resposta deve ser em termos de exegese bíblica nos textos do V.T. e N.T. que estão diretamente ligados ao assunto: Gal. 3.28; Gen. 2:18-24; Gen. 3:16; I Cor. 11:3-16; 14:34, 35; I Tm 2:8-15; 3:1-13; Tit 1:5-9; I Pe 3:1-7; Apc.2 a 3.

            A argumentação igualitaristas baseia-se freqüentemente na modernidade, avanço da civilização e no progresso humano, na crescente participação da mulher na sociedade secularizada. Não dá a necessária atenção aos textos bíblicos. Há nesta área sempre um espírito reacionário e tendencioso ao feminismo, não seguindo o princípio da Reforma: “Sola Scriptura”.

            A argumentação diferencialista, basea-se nos textos bíblicos a partir da criação, em Gn. 2:18-24, e I Tm. 2:9-15; I Cor. 11:3-16;  Ef. 5:22-33, quando o apóstolo Paulo usa o argumento das Escrituras para provar que a mulher é a glória do homem, portanto a ele subordinada, desde quando a mulher foi criada do homem, e por causa dele. Gen. 2:20 e 23; 3:16; I Tm. 2:11-13; I Cor. 11:3; Ef. 5:22-24. Nestes textos afirmam os diferencialistas que o princípio da autoridade delegada ao homem por Deus e a submissão da mulher como “ajudadora” é antes da queda, não depois,  e que foi confirmada depois da queda. Esta implícito nas 4 palavras: “Ajudadora, Varão, Varoa e Cabeça”.
Ajudadora – auxiliadora ou adjutora
Varão – indivíduo do sexo masculino; homem respeitável, vara grande.
Varoa – mulher parte, flexão feminina de varão.
Cabeça – parte mais nobre, mais alta do corpo, (fig.). Pela influência e direção que nos vem do cérebro, diz-se cabeça do casal; marido chefe, líder etc.

Neste sentido, assim escreve o apóstolo Paulo: “Mas quero que saibas que Cristo é a cabeça de todo varão, e o varão a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo”. I Cor. 11:3.

Comentário dos textos usados nas duas Correntes Teológicas:

I - Igualitarismo:


a)      Romanos l6:7. – “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim”.


Os igualitaristas argumentam que júnias é um nome feminino, e que a mulher com este nome era uma “apóstola”, em pé de igualdade com Andrônico.

Esta argumentação não é tão simples assim. Vejamos a abordagem seguinte:
Segundo uma recente pesquisa nos escritos gregos desde o século 9 A.C. até o século 5 D.C., foi constado que o bispo de Salamina em Chipre, Epifânio, menciona Júnias de Rm l6:7, como sendo um homem que veio ocupar o bispado de Apaméia da Síria; e João Crisóstomo se refere a Júnias de Rm 16:7 como sendo uma irmã notável aos olhos dos apóstolos. O nome era tanto usado no masculino como no feminino, dependendo da variante do texto grego, divergindo apenas na acentuação. Aparecendo, ora como Júnia (Juniana), ora como Júnias (Juniano), dependendo da acentuação no texto grego.  Como se chegar a uma conclusão mais verdadeira? Só é possível chegar-se a uma conclusão mais correta, estudando-se gramaticalmente o texto e o contexto histórico, assim:

Pelo texto em estudo, “...meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos...”, gramaticalmente a expressão está no gênero masculino e não no feminino, por uma razão simples. È que na prisão não podia ficar juntos, no mesmo lugar, homens e mulheres, necessariamente, tinham que ser separados, daí deduzir-se que o apóstolo Paulo, quando chama-os de “...companheiros de prisão...”, não estava se referindo a homens e mulheres juntos na mesma prisão, mas, a companheiros (homens) numa mesma prisão. 

A conclusão final mais plausível, é que Júnias era homem, conforme Epifânio, bispo de Salamina em Chipre, informou-nos que ele se tornou bispo de Apaméia. Isto está historicamente comprovado pelo testemunho de Orígenes, morto em 252 D.C., quando num comentário em latim da carta aos Romanos,  cap. 16, versículo 7, se refere a Júnias no masculino.

b)      Gal. 3:28 - “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo”.


            A abordagem igualitarista desta passagem, interpreta a expressão “porque todos vós sóis iguais em Cristo Jesus”, e não “todos sois um em Cristo”. Ou seja, interpretam o adjetivo pronominal cardinal “um” no sentido de igual  : Com base nesta interpretação dizem que “todos são aceitos na Igreja, inclusive para exercer atividades, como iguais”. Assim, em Cristo argumentam, voltamos a posição original da criação, que foi a igualdade entre o homem e a mulher. A subordinação da mulher ao homem, seria posterior a queda (Gen 3:16b). Impedir que as mulheres exerçam o oficialato (ordenação), argumentam eles, seria introduzir uma distinção na Igreja baseado em sexo.

            O Contexto da Passagem – É verdade que o Evangelho é o poder de Deus para abolir todas as injustiças e desigualdades sociais, e explorações machistas, e também a maldição imposta na queda. A questão é se Paulo está falando a abolição da subordinação feminina e de igualdade de funções, ou seja, se as mulheres podem exercer os mesmos cargos e funções no oficialato que os homens na Igreja. É claro que não. Ele está doutrinando aos Gálatas, sobre a doutrina da justificação pela fé em Cristo, em relação as demandas da Lei de Moisés, os da fé não são mais subordinados à lei para a Salvação, e as diferenças mencionadas nos vers. 3:28 foram abolidas em relação a justificação pela fé e a redenção em Cristo. Todos os crêem, individualmente, são recebidos por Deus, pela fé em Cristo. Portanto, Gal. 3:28 não está tratando de papeis na Igreja e na família, mas da nossa posição diante de Deus, isto é, como filhos de Deus e herdeiros de Deus incluídos na promessa feita a Abraão.  (Gal. 3:6-14).

II - Diferencialismo:


Criação e Queda

Segundo I Cor. 11:3-10 e I Tm 2:9-15, Paulo enraíza a subordinação feminina, não na queda, mas na criação. O apóstolo Paulo, argumenta em favor da submissão da esposa a partir da Teologia da criação, e não da Teologia da queda do pecado desde Adão, aplicando paralelamente a teologia da própria Igreja tendo Cristo como cabeça e a Igreja como esposa. Ef. 5:22-24. Assim, a Mulher em submissão, é um tipo da Igreja em relação a Cristo, como cabeça. Ef. 5:24: “De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim  também, as mulheres sejam em tudo submissas a seus maridos.” A expressão, “...em tudo submissas...”, inclui, além do marido, também o governo eclesiástico na Igreja.

O Significado de “um” em Cristo

            Em Gal. 3:28 a exegese feita pelos igualitaristas é forçada e tendenciosa, quando interpreta a expressão: “Sóis um em Cristo” como significado: “Sóis IGUAIS a Cristo”. O Teólogo Ann Coble, “demonstrou de forma convincente que nesta Escritura, não está implicando igualdade, mas simplesmente UNIDADE. Coble demonstra através de considerações léxicas e exegéticas que Gal. 3:28 está abordando a questão da “unidade” e não de “igualdade”, de funções ou papéis. Diz ela, “se Paulo quisera enfatizar igualdade poderia Ter usado palavra como “igual” ou “igualdade”, e não a palavra “um” que enfatiza “unidade”. Sua conclusão é que “os estudiosos progressistas ou “igualitaristas” não podem usar esta passagem bíblica como um texto chave na afirmação da ordenação eclesiástica idêntica para homens e mulheres.”


O Evangelho e as duas eras – Gen. 3:16b

Duas eras: A era presente e a era vindoura
         Outra argumentação dos “Igualitaristas” é que a subordinação da mulher ao homem, foi plenamente removida em Cristo aqui e agora, na presente era.
            Paulo não ensinou que foram abolidas as conseqüências do pecado na presente “era” mas, ensinou, sobre a perspectiva da história da redenção, ou seja: que sobre a sua 1ª vinda Cristo inaugurou a “era vindoura” o mundo por vir, sem abolir a “era presente”, como os judeus esperavam. A era vindoura sobrepõe à presente, e coexistem em tensão até a “parousia” de Cristo pora a 2ª vinda. Já temos a vida eterna, mas ainda não estamos livres da morte física desde Adão. Gen. 3:17. Já entramos no descanso de Deus (Hb. 4:1-13) mas ainda estamos sujeitos ao trabalho árduo ao qual o homem foi submetido (Gen. 3:19).
            As mulheres cristãs, já estão assentados nos lugares celestiais em Cristo, (Ef. 2:5,6) mas ainda não estão isentos das dores de parto e da submissão do marido (varão) como cabeça e chefe da família. (Ef. 5:22-29; I Cor. 11:3; I Tm 2:11-14; Gen. 3:16). Esta condição permanece até à redenção ou a “parousia de Cristo”.

            Portanto não se pode usar Gal. 3:28 como texto básico para o “igualitarismo”, sem que se ignore a teologia paulina das duas eras e da criação do homem e da mulher, antes e depois da queda.

            Atos – 2:16-18 – Os “Igualitaristas” argumentam que a profecia de Joel, citada pelo apóstolo Pedro, no dia de Pentecostes, inclui as filhas e as servas, tanto quanto os filhos e servos, sem qualquer distinção no serviço a Deus baseado em sexo. O texto aquí não está falando do oficialato e nem tão pouco de ordenação a cargos ministeriais no governo da Igreja. Claro que não podia haver distinção na vinda  do Espírito Santo para a  Igreja, (Lc. 24:49; Jo 14:16-18), e nem do Dom e Dons do Espírito Santo concedidos aos filhos de Deus. (At. 2:28-29; I Cor 12:1-11; 14:1-5) Os dons espirituais são dados indistintamente debaixo da soberania do Espírito Santo, independente do “oficialato eclesiástico”. I Cor. 12:11. O texto de Joel citado acima, não se refere ao governo eclesiástico da Igreja local, e muito menos do “oficialato feminino”.

Os textos que falam do governo da Igreja são outros, a saber: At. 6:1-7; 13:1-4; 14:23; Mt 10:1-5; I Tm 3:1-13; 5:17; Tt 1:5-9; Fil 1:1. Por que não há nenhuma menção no N. T. de Apóstolas, Pastoras, Bispas, Presbíteras, Diaconisas. Por que não há nenhuma orientação de Paulo quanto à ordenação, quando instrui Timóteo e Tito sobre a ordenação de Bispo, Presbíteros e Diáconos? Lendo com atenção os textos mencionados acima, o que Paulo tinha em mente era  a ordenação de homens: Os oficiais, Bispos, Presbíteros e Diáconos, devem ser “...marido de uma só mulher, deve governar bem a sua casa e seus filhos, ... porque quem não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?” (I Tm 3:4-5;.Tt 1:5-7). Fica claro nos escritos paulino, que é função e responsabilidade dos homens de Deus, o governo eclesiástico nas Igrejas e nos seus lares.

            Quanto à doutrina paulina em I Tm. 3:2-13 e Tit. 1:5-9, para a ordenação de Bispo, Presbíteros e Diáconos, é especificamente dirigido aos homens, esta condição esta claramente preservada no contexto bíblico, quando o apóstolo afirma: que o oficial deve ser: “...marido de uma só mulher (não o contrário, a mulher esposa de um só homem), deve governar bem a sua casa e seus filhos (função do homem e não da mulher), agora, extrapolada para o governo da Igreja. Ef. 5:22-24; Gen. 3:16b.

 Por este motivo é que as mulheres nos “cultos públicos” tinham que se comportar diferentemente para não contrariar o princípio da autoridade e responsabilidade concedida por Deus,  ao homem como cabeça, desde a criação. Gen. 2:22-23; I Cor. 11:3; 14:34-35.

A base do oficialato no N.T.

            A base do oficialato no N.T. era, principalmente, sob uma liderança masculina que tinha a incumbência da autoridade de governar, supervisionar e doutrinar as Igrejas. Por este motivo, eram indispensáveis aos Ministros ter os Dons de governo e de ensinar, como se ver nas qualificações para o pastorado, presbiterato e diaconato de acordo com os seguintes textos: I Tm 3:1-13; 5:17; Tit. 1:9; Rm 12:7-8 e Fl. 1:1. Não há evidências no N.T. que todos os que tinham outros dons tinham que ser necessariamente ordenados ao oficialato, mas exerciam seus dons ligados diretamente a direção do Espírito Santo e à  comissão do Senhor como cabeça da Igreja.    Ef. 4:11; I Cor. 12:28; At. 11:27-28, 13:1-4, 21:8-9,10-11; Nestes textos, fica demonstrado que as mulheres cristãs e os homens participam sem nenhuma restrição, no exercício dos Espirituais. Entretanto, os mesmos nada dizem sobre o oficialato de Pastores, Presbíteros, Evangelistas e Diáconos.

Passagem no N.T. que impõe restrições ao oficialato feminino

            Examinemos as passagens que impõe restrições ao oficialato ministerial feminino e exortam que as mulheres cristãs estejam submissas à liderança masculina nas Igrejas, já que o governo e ao serviço (diaconai) público oficial das mesmas são funções de Pastores e Presbíteros ( I Tm 3:2, 4-5, 5:17; Tit 1:9).

            A I Cor. 11:3-16 – Tudo indicava que as mulheres em corinto haviam entendido que o Evangelho havia abolido qualquer diferença de função na Igreja entre homens e mulheres, e portanto, queriam abolir no culto público o uso do véu, expressão cultural externa da submissão da mulher ao homem, gerando um espírito contencioso. Não usá-lo significava desonra, indecência, vergonha (11:5,6,14).

            O véu era símbolo de submissão à autoridade, conforme diz o v.10, de I Cor.11. No culto público, Paulo requereu que a mulher expressasse externamente a sua submissão ao seu cabeça (o homem) pelo o uso do véu, de acordo com a cultura da época, e que foi substituído pelo cabelo crescido em lugar do véu, conforme o ensino paulino em I Cor. 11:16. Cabeça – autoridade sem superioridade.

Argumentação de Paulo vem de dois enfoques:

1ª) Na Trindade de Deus – Da subordinação do Filho ao Pai. Assim, o Pai é o cabeça de Cristo, que por sua vez, é o cabeça do homem, e o homem o cabeça da mulher. I Cor. 11:3-5. A Palavra de Deus determina uma cadeia hierárquica que começa na Trindade, continua na Igreja e na família. Assim como o Pai e o Filho, que são iguais em poder, honra e glória, desempenham papeis diferentes na Salvação, também homem e mulher se completam no exercício de diferentes funções sem que haja qualquer desvalorização ou inferiorização da mulher.

            O conceito de subordinação de uns aos outros tem haver apenas com a maneira pela qual Deus estruturou e ordenou a sociedade, a família e a Igreja (Rm 13:1-5; Fil  2:3-11; I Pe 2:13-17; Ef 6:1).

2a) Implicações da criação – Gen. 2:18, 22-24; I Cor. 11:8-9, Paulo vê nos detalhes da criação uma ordenação divina quanto aos diferentes papeis do homem e da mulher e a intenção divina deveria se refletir no culto público. Ou seja, se a mulher está debaixo de autoridade eclesiástica exercida pelo homem ao participar do culto, a mulher não pode exercê-la sobre ele, invertendo a ordem Divina, do contrário criaria uma desordem e inversão de valores, na família, na sociedade e na Igreja. Leia: II Tes. 3:6.7,11.


O ensino de Paulo se aplica hoje ?

            Primeiro, é preciso fazer a “distinção entre o princípio teológico “Supra Cultural” e “Expressão cultural” deste princípio”. Apesar de ser o véu uma expressão cultural, não invalida o princípio superior que não está condicionado a nenhuma cultura em particular, que é o da diferença fundamental entre o homem e a mulher como Deus criou e como está na Bíblia Sagrada. O que o apóstolo Paulo está doutrinando é a vigência desta diferença no governo da Igreja e no  culto público.

            Segundo, o apóstolo Paulo, está defendendo a participação diferenciada da mulher no governo eclesiástico,  culto público, e o modo pelo qual Deus criou o homem e a mulher (I Cor. 11:8-9), usando de princípios divinos permanentes, que transcedem cultura, tempo, e sociedade, como acontece também, a participação da Trindade na Obra Salvadora, Criadora e no governo da Igreja, como  o Cabeça. (Gen. 1:26; Mt 28:18;  I Cor. 11:3; Ef. 1:17-23; 4:l5-16; Ccol. 1:12-20;)

Subordinacionalismo herético ?

         Outro argumento dos “Igualitaristas” é contra o conceito da subordinação na doutrina da Trindade, pois Paulo fundamenta a subordinação da mulher à liderança masculina na subordinação de Cristo à Deus Pai. (I Cor 11.3).

            Estas posições são enganosas e não corresponde com a verdade, pois, trata-se de uma submissão de funções, não compromete a igualdade na essência, e na dignidade pessoal entre as três Pessoas da Trindade.

            Segundo, T. Schreiner, “o credo Niceno, afirmou  a subordinação de funções do Filho ao Pai, e do Espírito Santo ao Pai e ao Filho, sem comprometer a igualdade e a dignidade pessoal entre as pessoas da Trindade. Foi rejeitado, sim, a heresia a forma de subordinacionalismo que predicava numa inferioridade de essência entre o Pai, o Filho e o Espírito.
           
Problema textual em I Cor. 14:33-38

O que Paulo queria dizer “por falar”, neste texto? O que o apóstolo Paulo ensinou às mulheres foi para evitar, que elas tivessem um tipo de autoridade eclesiástica sobre os homens crentes na Igreja. Se tivessem dúvida sobre quanto a que foi dito pelos profetas e mestres, as casadas tirassem as dúvidas em casa com seus maridos ou pais, deviam estarem submissas “como ordena a Lei”. (Gn 3:16-17; I Cor 14:21)

O ensino de Paulo se aplica hoje (I Cor. 14:33b)

         A exortação de Paulo está de acordo com o princípio doutrinário ministrado em todas Igrejas, não fugia ao padrão doutrinário geral  das demais igrejas.

            O ensino do apóstolo Paulo não é paroquial, mas é como já era praticado em todas as demais Igrejas. A Igreja em corinto não devia se insurgir contra o costume das demais Igrejas e contra o ensino apostólico. Ficou claro que o apóstolo Paulo esta estabelecendo um princípio permanente para todas as Igrejas, o qual é, as mulheres sejam bubmissas à liderança masculina e que não falem de forma a parecer que estão ultrapassando à autoridade ministerial.

I Tm. 2:11-15 - Esta é a passagem mais importante para a discussão sobre o ministério feminino ordenado. Aqui o apóstolo determina que as mulheres crentes de Efésio aprendam a doutrina cristã em silêncio, submetendo-se à autoridade eclesiástica dos que ensinam – no contexto homens (vv 11-12). A causa apresentada é dupla: Deus primeiro formou o homem, e depois a mulher (varoa) v.13, e ela foi iludida por Satanás e pecou, sendo induzida querendo ser igual a Deus (Gen. 3:5,16).

            A heresia em Efésio – Esta interpretação tem apoio do contexto da carta. Vejamos os seguintes pontos: Pelo contexto da epístola, Paulo escreveu a Timótio instruído-o para combater uma heresia dos falsos mestres, subvertendo a ordem e envolvendo as mulheres numa insubmissão contra a liderança da Igreja...

1.      Os falsos mestres encorajaram as mulheres a trocarem o seu papel costumeiro no lar por uma atividade de independência e insubmissão denegrindo o casamento no lar, com respeito a seus maridos, e aos homens em geral (Leia aqui o que Paulo mencionou contra os falsos mestres: I Tm. 2:15, 4:1-2, 5:1-16). A situação chegou até a ameaçar o papel da mulher como esposa e mãe, conf. I Tm 2:15. Segundo “Paul W. Barnett, em I Tm 2:11-15, era que as mulheres ricas e bem instruídas da Igreja em Efésio estavam pertubando o ensino dos presbíteros no culto, interrompendo-os e querendo elas mesmas novos ensinamentos contraditórios”. Corrigindo as mulheres ricas quanto aos vestuários indecorosos, estilo de cabelos exibicionistas, sem modéstia, com destaque social, ostensivamente, usando nos cultos públicos nas Igrejas, humilhando as mais pobres, desrespeitando o ensino apostólico

2.      Estavam  ensinando a abstinência de certas comidas, do casamento, e do sexo em geral, possivelmente, até mesmo o exercício corporal para uma  feminidade atraente, em prejuízo a piedade. ( I Tm 4:1-3, 8).

3.      Algumas mulheres já tinham se desviado da fé seguindo os falsos mestres, conforme lemos em I Tm 5:5-15; II Tm 3:6-7.

4.      Provavelmente os falsos mestres estavam encorajando tais mulheres a trocarem o seu papel de esposa no lar por uma posição independente, ou mesmo igualitária com respeito a seus maridos, com conseqüencias negativas dentro da liderança da Igreja em Èfeso. É por este motivo que Paulo determinou que às mulheres aprendam em silêncio, que não ensinem nem exerçam autoridade sobre os homes, e que estejam em submissão. (I Tm 2.l2)

O que Paulo queria dizer com “ensinar” -  I  Tm 2:12

      Ensinar nas Igrejas a sã doutrina é uma atividade importante e ampla. O próprio apóstolo Paulo determina que “as mulheres idosas devem ensinar as mais novas a serem prudentes, moderadas, castas, boas donas de casas, a fim do que a Palavra de Deus não seja blasfemada! Tit. 2:4-5. Aqui, fica claro que o apóstolo dos gentios não está passando numa proibição geral. Pelo contexto em estudo, dar a entender, que algumas mulheres insufladas pelo ensino dos falsos mestres, estavam querendo tomar posição oficial na liderança eclesiástica, para ensinarem nas assembléias cristãs. Daí o apóstolo Paulo  ensinou que a mulher, em posição de autoridade, não ensine publicamente a doutrina exortativa, aos homens que ocupam cargos oficiais,. Pois, ensinar aqui, tem sempre o peso da autoridade oficial dos pastores e presbíteros (I Tm 4:11; 6:3; 5:17; II Tm 4:1-5; Tit 1:9-11; 2:7-8). Para o apóstolo, o “ensinar” é não permitir que a mulher através do ensino assuma uma posição de autoridade sobre o homem publicamente. I Tm 2:12.

O que Paulo quer dizer com “exercer autoridade?

      Paulo quer dizer, em outras palavras, que: “...não permito que a mulher... exerça autoridade sobre o homem. De acordo com o contexto geral, o apóstolo Paulo, da evidenciando o ensino com autoridade didática e o governo nas Igrejas, é função dos cristãos no exercício do oficialato de Pastores e Presbíteros, que é também o de presidir e governar as Igrejas de Cristo. I Tm 3:4-5; 5:17; Ef. 5:22-24; Rm. 12:7-8. – Nestes textos é claro este princípio universal estabelecido nas Igrejas em geral.

      A proibição de exercer autoridade sobre os esposos e sobre os homens oficiais da Igreja, exclui as mulheres do ofícialato ministerial, que é essencialmente o de governar e presidir as IGREJAS LOCAIS, (I Tm 2:8-15; 3.4-5; 5.l7.), embora não as exclua de exercer outras atividades nas Igrejas.

A aplicabilidade da Doutrina para hoje

            Apesar de haver objeção ainda hoje, podemos verificar a aplicação deste ensino neo- testamentário, com base nos seguintes pontos:

1.      Todos os livros e cartas do N.T. foram escritos em resposta a uma ou mais situações das Igrejas cristãs do I século, mas que, permanecem imutáveis e universais, não só estes, mas todas as demais doutrinas, inclusive a da salvação eterna. Mateus disse: “os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”; Em Ap. 22:18-19, o canon sagrado se encerrou, e não pode ser alterado, nem subtraído nem acrescentado, por ensinamentos de filosofias humanas.  Passam as circunstâncias históricas, mas o princípio teológico permanece e é válido para todas as épocas.

2.      O princípio permanente que está por trás ou simbolizado no “véu” ou “cabelo”, em I Cor. 11:2-16; 14:34-35, como um sinal cultural de submissão da mulher à liderança masculina nas Igrejas, é o de que se mantenha as distinções e os papeis intrínsecos ao homem e a mulher na Igreja e na família. Assim não se deve inverter os papeis e ocupar posição de autoridade sobre os homens no governo eclesiástico (I Tm 2:11-120.

3.      A intenção de Paulo em I Tm 2:1-15, não é apenas local, mas universal em sua aplicação, visto que os cristãos devem orar “por todos os homens” (2:1) por “todos os que se acham investidos de autoridade (2:2), e “em todo lugar”(2:8). A doutrina paulina tem haver, portanto, com todos homens... em todo lugar”, e é universal.

O caráter permanente do ensino de Paulo

     Fica evidente que  o ensino paulino fudamenta-se em princípios ordenados pela Palavra de Deus apropriados às mulheres cristãs nas Igrejas, e não em considerações condicionadas social e culturalmente, a saber:

1.      É baseado na forma como Deus criou o homem e a mulher (I Cor. 11:3). O fato de que o homem foi criado primeiro (Gen. 2:18), e de que a mulher foi criada em seguida, tirada dependentemente do “varão”, como “auxiliadora” (Gen 2:20) indica sua posição de submissão. Portanto, Paulo se basea o princípio da submissão da mulher (varoa), não na da queda, somente.

2.      Basea-se no fato de que foi Eva quem foi iludida por Satanás e desobedeceu a Adão e indiretamente a Deus (Gen 2:15-17; 3:4-7,16b,17; I Tm 2:10-15). É provável que Paulo está citando este incidente para mostrar o que ocorreu quando Eva tornou a liderança que Deus havia dado ao homem. Isto está evidenciado a nós pelas Suas palavras quando sentenciou a penalidade a Adão: “...Porque atendeste a voz da tua mulher”(Gen 3:17) ultrapassando o mandato que Deus tinha dado a Adão, qual é um tipo de Cristo. II Cor. 11:1-3; I Cor. 15:45-49). “Assim, Paulo demonstrou que as causas dos diferentes papeis do homem e da mulher estão firmados nas circunstâncias em que a criação e a queda aconteceram e não demandas provisórias das Igrejas e em aspecto cultural da época.



CONCLUSÃO


            O alvo neste estudo é mostrar o papel importante da mulher nas diversas atividades que lhe compete na Igreja, independente de posição eclesiástica ordenada ou oficializada, mas, sobre tudo, na dependência dos dons e vocações ministeriais dados pelo Espírito Santo, soberanamente (I Cor. 12:7-11). Quanto ao oficialato feminino no Ministério da Igreja (Pastoras, Presbíteras e Diaconisas), não encontramos base bíblica no N.T., nem quando Jesus nomeou seus apóstolos Lc. 6:12-16; 10:1-24; e nem na doutrina dos apóstolos registrada  no N.T. (At 1:20-26; 6:1-7, 13:1-4, 14:23, 20:17-28; Ef 4:11; Tm 3:1-13, 5:17; Tit 1:5-9).

            Na Igreja de Cristo, no Brasil, as mulheres têm um espaço amplo e reconhecido, através das Soc. de Obreiras Cristãs a nível local, (hoje, Departamento das Mulheres da Igreja de Cristo) regional e nacional, onde exercem com liberdade seus ministérios que é de grande valor para toda Igreja.

            O que a Palavra de Deus nos exorta é que as mulheres cristãs não ministrassem nas Igrejas aos homens, em uma posição de autoridade, quer ensinando publicamente com autoridade sobre o homem e no governo das Igrejas, invertendo as funções e valores. Não se encontra respaldo bíblico para o oficialato feminino no governo das Igrejas (postura do presbiterato ou bispado), o que há atualmente, é mais uma pressão social e cultural, sobre a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

            Os presbíteros, pastores e bispos, diáconos (Fil. 1:1) exerciam a autoridade e governo, não com poder absoluto, mas, limitados aos ensinos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e dos apóstolos de Cristo. Não podiam ir além do ensino das Escrituras, como hoje Pastores, Presbíteros, Conselhos e Concílios em geral também não poderão. Nenhum poder eclesiástico, argumentando a partir das mudanças sociais e culturais secularizadas pelo tempo, não tem poder para ir além ou a quem das Escrituras Sagradas contradizendo-as em qualquer ponto doutrinário já definido e limitado pelo “canon” sagrado do velho e novo testamento Ap. 22:18-19.
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BIBLIOGRAFIA - Estudo baseado numa apostíla do Pastor Presbiteriano: Augusto Nicodemus Lopes. Com mestrado em N.T. pela Potschefstroom University for Christian Higher Education, na África do Sul, e doutorado em Hermenêutica e Estudos Bíblicos pelo Westiminster Theological Seminary; EUA. É professor de N.T. do Centro de Pós-Graduação Andrew A. Jumper, em São Paulo – SP.

            LIGHTFOOT, Neil R. O Papel da Mulher (Perspectivas do Novo Testamento). Ed. Vida Cristã. São Paulo-SP.

Obs.: Estudo ministrado por ocasião da XXXVII Assembléia do Cons. Nacional da Igreja de Cristo no Brasil, realizada nos dias 25 e 26 de Julho de l998, em Parnamirim – RN.

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OFICIALATO FEMININO
Por: Otoniel Marcelino de Medeiros
www.otonieldemedeiros.blogspot.com

1 – INTRODUÇÃO
Neste texto nosso objetivo é refletir sobre a oficialização ou não da mulher no
ministério (serviço = diakonia) cristão. Sintetizamos o pensamento do teólogo John Stott,
sobre este assunto, no livro Grandes questões sobre o sexo. Estamos receptivos às suas
observações de qualquer natureza e expressamos também nossa opinião.

2 – A MULHER, O HOMEM E DEUS
Segundo John Stott: Quais os direitos da mulher? Qual o status que Deus lhe deu e
qual o trabalho para o qual a chamou?
Sobre esses tópicos delicados, ele enfoca os critérios:
1. igualdade;
2. complementaridade;
3. responsabilidade e
4. ministério.

2.1 – IGUALDADE (Gn 1.16-28)
Resumindo a resolução divina, conforme Gn 1.16-28, o doutor John Stott, destaca:
1. Deus fez a humanidade macho e fêmea.
2. Homens e mulheres eram igualmente beneficiados tanto na imagem divina quanto ao
domínio sobre a terra.
3. Não há nenhuma alusão no texto a ter nenhum dos sexos semelhança maior com o Criador
do que outro.
Esta igualdade sexual primitiva foi deformada pela queda (Gn 3.16). O Senhor Jesus
encerrou a maldição da queda: “Nisto hão há judeu nem grego; nem servo nem livre; não
homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
2

2.2 – COMPLEMENTARIDADE
O doutor John Stott aborda: “No entanto, e ao mesmo tempo, embora homens e
mulheres sejam iguais não são a mesma coisa. Não se deve confundir igualdade com
identidade.” Ele também destaca o pensamento do escritor J. Yoder: “Igualdade de valor não é
identidade de papel.
Resumimos a sua comparação entre Gênesis capítulo 1 com Gênesis capítulo2 no
quadro seguinte:

GÊNESIS CAPÍTULO 1 GÊNESIS CAPÍTULO 2
a)Masculinidade e feminilidade se
relacionam com a imagem de Deus.
b)Trata da igualdade dos sexos.
a) Eles (homem e mulher) se relacionam um
com o outro.
b) Esclarece que igualdade não significa
identidade, mas complementaridade.
- Observa-se a liderança masculina no
modelo da criação.
- É este igual mas diferentes que temos
dificuldade em manter.
- As duas partes não são incompatíveis,
pertencem uma à outra.


2.3 – RESPONSABILIDADE
John Stott ainda afirma: “Todos os estudantes do livro de Gênesis concordam que o
capítulo 1 ensina igualdade sexual, e o 2, complementaridades sexual. Paulo no entanto
acrescenta a liderança masculina (Ef 5.23 e I Co 11.3).”
Paulo ensina a liderança masculina na doutrina bíblica da criação, tendo por base:
1. A PRIORIDADE DA CRIAÇÃO: Primeiro foi formado Adão, depois Eva (I Tm 2.13).
2. O MODO DA CRIAÇÃO: O homem não feito da mulher, e, sim, a mulher do homem (I Co
11.8).
3. O PROPÓSITO DA CRIAÇÃO: homem não foi criado por causa da mulher; e sim, a mulher por
causa do homem (I Co 11.9).
Estes três argumentos não podem ser arrogantemente descartados.

2.4 – MINISTÉRIO
O chamamento da mulher para o ministério cristão é um fato que dificilmente
necessitará de demonstração. A única questão sobre a qual é refletir é a forma que deve
assumir seu ministério, se a mulher dever ser ordenada.
3
otoniel@ufrnet.br
Conclui o John Stott: “Se todo ministério cristão ordenado tem inevitavelmente este
sabor de autoridade e disciplina, penso ser exclusivamente destinado a homens.”

3 – CONCLUSÃO PESSOAL
A bem-aventurada Maria viveu harmoniosamente sob a liderança de José, mesmo
sendo a mãe de Jesus Cristo. O anjo do Senhor apareceu a José em sonhos e orientou a fuga da
família para o Egito, como proteção contra Herodes (Mt 2.13), e ordenou a espera para
retorno. Na ordem de volta do Egito, o anjo do Senhor apareceu num novo sonho a José (Mt
2.19). “Se é verdade que não é bom que o homem esteja só, sem a companhia feminina,
também não é bom que a mulher esteja só, sem a liderança masculina.” [John Stott]
“A liderança do esposo sobre a esposa se refere mais a cuidado do que a controle;
mais a responsabilidade que autoridades.” [John Stott]
Para o caso específico da Igreja de Cristo no Brasil, como tem um ministério cristão
ordenado que exige para todos os casos, autoridade e disciplina, concordo com as palavras de
John Stott: “... penso ser exclusivamente destinado a homens.” Creio que este é o modelo
bíblico baseado no princípio da Criação.
Natal, 28 de janeiro de 2010
Otoniel Marcelino de Medeiros
Referência bibliográfica


1. Grandes questões sobre o sexo, John Stott. Vinde Publicações, Primeira Edição – 1993.
2. Ordenação feminina: O que o Novo Testamento tem a dizer? Rev. Augustus Nicodemus
Lopes - www.ipb.org.br/estudos_biblicos/download/ordenacaofeminina.doc
3. Mulheres Liberdade e Calvino – O ministério feminino na perspectiva calvinista, Jane
Dempsey Douglass – Didaque.


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A IGREJA PRIMITIVA –
Por HUGO DA SILVA ASCENÇÃO

A HISTORIA DO CRISTIANISMO – IGREJA PRIMITIVA ( 100 –300) 


1. CAUSAS DA PERSEGUIÇÃO

Políticas
Enquanto a Igreja Cristã fazia parte do judaísmo, que era religião licita, a Igreja sofreu pouco. Mas logo que foi distinguido do judaísmo foi classificada como seita, uma sociedade secreta, o cristianismo recebeu a interdição do estado romano que não admitia nenhum rival à obediência por parte de seus súditos. Tornou-se então, uma religião ilícita, uma religião ilegal, considerada como ameaça à segurança do estado romano.
A religião cristã, era rápido em crescimento, exigia exclusiva lealdade a Cristo, César era colocado em segundo plano e este era o temor dos lideres romanos, empenhados em preservar a cultura clássica dentro da estrutura do império estatal: como desleais ao Estado, para os romanos os cristãos estavam tentando fundar um estado dentro do estado o Corpo de Cristo, tinha de ceder a soberania exclusiva de César.
Muitas práticas cristãs pareciam confirmar as suas suspeitas da deslealdade básica cristãos ao Estado levantado pelas autoridades romanas:
- Os cristãos se recusavam terminantemente a oferecer incenso nos altares devotados ao culto ao imperador romano. Quem sacrificasse nesses altares, podia praticar uma segunda religião particular.

- Os cristãos também realizavam a maioria de suas reuniões à noite e em segredo. Para a autoridade romana isto deixava claro que se preparava uma conspiração contra a segurança do estado. 
Religiosas
A religião romana era mecânica e externa. Tinha seus altares, ídolos, processionais, ritos e praticas que o povo ver. Os romanos não se opunha a acrescentar um ídolo ao grupo do Panteão, desde que a divindade se subordinasse às pretensões de primazia feitas pela religião do Estado. Os cristãos não tinham ídolos e no seu culto nada havia para ser visto. Seu culto era espiritual e interno. Quando se opunham de pé e oravam de olhos fechados, suas orações não eram dirigidas a nenhum objeto visível. Para as autoridades romanas, acostumadas às manifestações materiais simbólica de seu deus, isto nada mais era do que ateísmo.
O sigilo dos encontros dos cristãos também dos cristãos também suscitou ataques morais contra eles. O vulgo popular os acusou de incesto, de canibalismo e de praticas desumanas. Entendo equivocadamente o significado de “comer e beber" os elementos representativos do corpo de Cristo, o vulgo popular logo depreendeu que o cristãos matavam e comia crianças em sacrifício ao seu Deus. A expressão “ beijo da paz ” foi logo transformada em acusações de incesto e outras formas se conduta moral que repugnava à mente cultural romana. Pouco diferença fazia se estes boatos eram verdadeiros ou não.
 Sociais
 Os que exerciam grande atrativo sobre as classes pobres e escravas, eram odiadas pelos líderes aristocráticos influentes da sociedade. Estes líderes os viam com desprezo mas temiam sua influencia sobre as classes pobres.Os cristãos defendiam a igualdade entre todos homens (CI. 3:11), enquanto que o paganismo insistia na estrutura aristocrática da sociedade em que uns poucos privilegiados eram servidos pelos pobres e pelos escravos.
Economicas
 A oposição que Paulo recebeu dos fabricantes de ídolos em Efeso, mais preocupados com o perigo que representava o cristianismo para seus negócios que com a ameaça possível ao culto de Diana (At. 19:27), é uma chave para a compreensão da reação daqueles cujos interesses do “ ganha - pão ” estavam ameaçados pelo avanço do cristianismo. Sacerdotes fabricantes de ídolos, videntes, pintores, arquitetos e escultores dificilmente se entusiasmaram com uma religião que ameaçasse seus meios de sustento.
No ano 250 em que a perseguição deixou de ser local e intermitente para se tornar generalizada e violenta, Roma entrava, segundo a contagem dos romanos, nos mil anos de sua fundação. Nesta época uma fome e uma agitação civil assolavam o Império; a opinião atribuía estes problemas à presença do cristianismo no império e o conseqüente abandono dos deuses. Há sempre um bom motivo para superstição quando se aproxima o fim de um milênio e os romanos nisto não foram melhores que as pessoas da Idade Média que viveram pouco antes do ano 1.000. A perseguição aos cristãos parecia, aos romanos, uma forma lógica de superar o problemas.
Tudo isto cooperou para justificar a perseguição dos cristãos na mente das autoridades. Nem todas as razões estiveram presentes em cada caso mas a pretensão de exclusividade por parte da religião cristã sobre a vida do cristão conflitava com o sincretismo pagão e sua exigência de lealdade exclusiva ao estado romano na maioria dos assuntos.

2. O CRISTIANISMO SOB INTERDIÇÃO ESTATAL, 100-250

A primeira perseguição organizada como resultado de uma política governamental definida, começou na Bitínia durante a administração de Plínio, o Moço, por volta de 112. Plínio escreveu uma interessante carta ao Imperador Trajano, em que prestava informações sobre os cristãos, esboçava seu programa e pedia a Trajano uma opinião sobre o assunto. Dizia ele que “ o contágio desta superstição” ou seja o cristianismo espalhava-se por vilas e regiões rurais como também por grandes cidades com tal velocidade que os templos ficavam geralmente vazios e os vendedores de animais para o sacrifício, ficaram empobrecidos. Quando alguém era denunciado como cristão, Plínio convocava o tribunal e lhe perguntava se era cristão. Se admitisse a acusação três vezes, o cristão era condenado à morte. Em sua resposta, Trajano assegurou a Plínio que ele estava certo em seu comportamento. Não se devia caçar os cristãos, mas se alguém dissesse que uma pessoa era cristã, esta deveria ser condenada, a menos que negasse ou adorasse os deuses dos romanos. Foi durante esta perseguição que Inácio morreu.
Outra perseguição aconteceu em Esmirna nos meados do segundo século. Marco Aurélio foi alertado sobre o cristianismo . inclinado a atribuir as calamidades de seu reino provocadas pela natureza e pelo homem ao crescimento do cristianismo, deu ordem para a perseguição aos cristãos. Justino Mártir, o grande apologista, sofreu o martírio em Roma durante esta perseguição.  
O Imperador Décio subiu ao trono imperial ao tempo em que Roma completava o fim do primeiro milênio de uma história e numa época em que o Império cambaleava sob calamidades naturais e ataques internos e externos à sua estabilidade. Os cristãos foram tomados com uma perigosa ameaça ao estado por causa de seu rápido crescimento numérico e por sua aparente tentativa de se construírem num estado dentro do estado. Décio promulgou em edito em 250 que exigia pelo menos,uma oferta anual de sacrifício nos altares romanos aos deuses e à figura do Imperador. Aqueles que oferecessem este sacrifício recebiam um certificado chamado libellus. A igreja mais tarde, foi sacudida com o problema de como tratar aqueles que tinham negado a sua fé cristã para conseguir esses certificados. Felizmente para a igreja, a perseguição durou só até a morte de Décio, no ano seguinte, mas as torturas que Orígenes sofreu, mais tarde causaram sua morte.
Diocleciano, líder militar forte, chegou ao trono imperial no fim de um século marcado pela desordem política no Império Romano. Ele concluiu que somente uma monarquia forte salvaria o Império e sua cultura clássica. Em 285, pôs fim à monarquia do principado, criada por César Augusto em 27 A.C, pela qual o imperador e o senado dividiam o poder. Em sua opinião uma monarquia poderosa oferecia a única alternativa ao caos. Foi nesta situação histórica que aconteceu a mais dura perseguição enfrentada pelos cristãos. Os primeiros editos, com ordem de perseguição aos cristãos, foram promulgados em março de 303, Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição das igrejas, a deposição dos oficiais da Igreja, a prisão daqueles que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição das Escrituras pelo fogo. O ultimo edito obrigou os cristãos a sacrificarem aos deuses pagãos sob pena de morte caso recusassem. Eusébio conta que as prisões ficaram tão cheias de líderes cristãos e crentes comuns que não havia lugar suficiente para os criminosos. Os cristãos foram punidos com o confisco de bens, exílio, prisões ou execuções à espada ou por animais ferozes. Os mais felizes eram enviados aos campos de trabalhos forçados, onde trabalhavam até a morte nas minas.
Constantino, seu sucessor, compreendeu que se o Estado não podia destruí-la pela força, o melhor seria usara Igreja como aliado para salvar a cultura clássica. A Igreja e o Estado chegaram a um acordo que começou quando Constantino conseguiu o controle completo. Constantino; ( 274-337) teve uma visão de uma cruz no céu, com as seguintes palavras em latim; “ com este sinal, vencerás”. Ele derrotou os seus inimigos   na batalha da ponte Mílvia sobre o rio Tibre. Embora a visão possa ter ocorrido, é evidente que o favorecimento da igreja por Constantino foi um expediente seu. A Igreja poderia servir como novo centro de unidade e salvar a cultura clássica e o Império. Constantino inaugurou um política de favorecimento da Igreja cristã. Em 313, ele e Lícínio garantiram-lhe a liberdade de culto pelo Edito de Milão. Nos anos seguintes, Cosntantino promulgou outros editos, que tornavam possíveis a recuperação das propriedades confiscadas, o subsídios da Igreja pelo estado, a isenção ao clero do serviço público, a proibição de adivinhações e a separação do “Dia do Sol” ( domingo ), como um dia de descanso e culto. Ele tomou uma posição de liderança teológica no Concílio de Nicéia, em 325, quando arbitrou a controvérsia ariana. Apesar de o número de cristão não ultrapassar a um décimo da população do Império nesta época, eles exerceram uma influência no Estado bem maior do que se podia esperar pela quantidade de membros que possuía,
Constantino, em 330 fundou a cidade de Constantinopla. Este ato ajudou a dividir Oriente e Ocidente. Ele tornou o centro do poder político no oriente e o bispo de Roma, após 476, foi deixado com poder político além do espiritual.
Quando parecia que o cristianismo iria se tornar a religião do Estado, houve um retrocesso com a ascensão de Juliano em 361 ao trono imperial. Juliano fora forçado a aceitar o cristianismo formalmente, mas a morte de parentes seus nas mãos do governo cristão e o estudo que fez de filosofia em Atenas o levaram a se tornar um seguidor do Neoplatonismo. Ele retirou da Igreja Cristã os privilégios e restaurou a liberdade plena de culto. Todas as felicidades foram concedidas para ajudar no avanço da filosofia e da religião pagã. Felizmente para a Igreja,s eu reinado foi curto e o retrocesso do desenvolvimento da Igreja, foi apenas temporário.
O Imperador Graciano renuncio ao titulo de Pontifex Maximus. Teodósio I promulgou em 380 um edito tornando o cristianismo a religião exclusiva do estado. Qualquer pessoa que seguisse outra forma de culto receberia a punição do estado. Em 392, o Edito de Constantinopla estabeleceu a proibição do paganismo. Em 59, Justiniano desferiu o golpe de misericórdia sobre o paganismo, quando determinou o fechamento da escola de filosofia de Atena.

3. GOVERNO DA IGREJA ( 100-313 )

Foi no período entre 100 e 313 que a Igreja se viu forçada a pensar na melhor maneira pela qual poderia enfrentar a perseguição externa do estado romano e o problema interno do ensino herético e das conseqüentes decisões. Ela procurou cerrar fileiras através de procedimentos.
O Bispo Monarquiso.
Necessidades práticas e teóricas levaram à exaltação da posição do bispo em cada igreja, chegando ao ponto de as pessoas o virem e o reconhecerem como superior aos outros presbíteros aos quais seu oficio fora relacionado em tempos do Novo Testamento. A necessidade de uma liderança para enfrentar os problemas da perseguição e da heresia foi uma necessidade prática que acabou por ditar o aumento do poder do bispo. O desenvolvimento da doutrina da sucessão apostólica e a crescente exaltação da Ceia do Senhor foram fatores fundamentais neste aumento de poder. A elevação do bispo monárquico em meado do segundo século originou-se da honra especial devida ao bispo monárquico da Igreja em Roma.
O argumento inicial e mais importante apresentado desde cedo na história da Igreja, foi o de que Cristo deu a Pedro, presumivelmente o primeiro bispo de Roma, uma posição de primazia entre os apóstolos em função da suposta designação de Pedro como a rocha sobre qual edificaria a Sua igreja (Mt 16:18 ). Segundo Mateus ( 16:19) Cristo deu tambem a Pedro as chaves do reino dos céus e depois o comissionou especialmente para apascentar Seu rebanho ( Jô: 21:15-19).
A Igreja Romana insiste desde tempos antigo que Cristo deu a Pedro um lugar especial de primeiro bispo de Roma e de líder dos apóstolos.
O prestigio histórico de Roma como a capital do Império levou a uma natural elevação da posição da igreja da capital. Muitos pais da Igreja Ocidental, como Clemente, Inácio, Irineu e Cipriano, destacaram a importância da posição do bispo, e no caso de Cipriano, do bispo de Roma. Embora todos os bispos fossem iguais, honra especial deveria ser dada ao bispo romano encarregado da cadeira de São Pedro. Embora todos os bispos estivessem numa linha de sucessão apostólica dos bispos desde o próprio Cristo, Roma merecia honra especial, porque, cria-se seu bispo continuava a linha sucessória desde Pedro.
 Desenvolvimento da regra de fé
O papel do bispo como garantia da unidade da Igreja foi reforçada pelo desenvolvimento de um credo. Um credo é uma declaração de fé para uso público. Os credos têm sido usados para testar a ortodoxia, identificar os crentes entre si e servir como um resumo claro das doutrinas essenciais da fé. Pressupõe uma fé viva da qual são expressão intelectual. Os credos denominacionais surgiram depois da reforma. Os credos conciliares ou universais elaborados por representantes de toda a igreja surgiram no período da controvérsia teológica entre 313 e 451. o primeiro tipo de credo foi o credo batismal de que o Credo do Apóstolos pode servir como exemplo. Deve-se ter sempre em mente que os credos são expessões relativas e limitadas da regra divina e absoluta de fé e prática contida na Bíblia. Textos bíblicos que favorecem a idéia de um credo são encontrados em Romanos 10:9-10, Corintios 15:4, I Timóteo 3:16.
Irineu e Tertuliano desenvolveram Regras de Fé para serem usadas na distinção entre Cristianismo e Gnosticismo.
O Credo dos Apóstolos é o mais antigo sumário das doutrinas essenciais da Escritura que possuímos. Alguns pensam que o Credo dos apóstolos surgiu da declaração abreviada de Pedro sobre Cristo em Mateus 16:16 e que foi usado como fórmula batismal desde cedo. 
Cânon do Novo Testamento
O cânon, lista dos volumes pertencentes a um livro autorizado, surgiu como um reforço à garantia da unidade centralizada no bispo e à fé expressa num credo. O desenvolvimento do cânon foi um processo demorado, encerrado em 175, exceto para o caso de uns poucos livros cuja autoria era ainda discutida.
Algumas razões de ordem prática tornaram necessário que a igreja desenvolvesse a relação de livros que deveriam compor o Novo testamento, Heréticos, como Márcion estavam formando o seu próprio cânon das Escrituras e estavam levando o povo ao erro. Os cristãos perseguidos não estavam dispostos a arriscar suas vidas por um livro se não estivessem certos de que ele integrava o cânon das Escrituras.como os apóstolos estavam saindo de cena, havia a necessidade de alguns registros que seriam reconhecidos como autorizados e dignos de uso na adoração.
O maior teste do direito de um livro estar no cânon era se ele tinha os sinais da apostolicidade. Era ele escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos apóstolos, como Marcos, o autor do Evangelho de Marcos que contou com a ajuda do apóstolo Pedro. A eficácia do livro na edificação quando lido publicamente e sua concordância com a regra da fé serviam de testes também. Na análise final, o que contava para a decisão sobre que livro deveria ser considerado canônico e dignos de serem incluídos no Novo Testamento era a verificação histórica de autoria ou influência apostólica ou a consciência universal da igreja dirigida pelo Espírito Santo.
Liturgia
Muitos convertidos vindos das religiões de Mistério também contribuíram para o desenvolvimento do conceito da separação do clero dos leigos, ao destacaram a santidade da posição dos bispos. A Ceia do Senhor e o Batismo tornaram-se ritos que somente poderiam ser dirigidos por um ministro credenciado. Ao se desenvolver a idéia da Ceia como um sacrifício a Deus, fortaleceu a santidade superior d bispo comparado com os membros comuns da igreja. O desejo de ser batizado eram os únicos requisito , mas, ao final do segundo século, acrescentou-se um período probatório como catecúmeno a fim de provar a realidade da experiência do convertido. Neste período de provação, os catecúmos assistiam aos cultos no vestíbulo final do templo e não podiam cultuar no santuário. O batismo em geral era por imersão; às vezes por afusão ou aspersão. O batismo infantil, que Tertuliano criticava e Cipriano apoiava, e o batismo clínico ( de doentes ) surgiram neste período. O surgimento de um ciclo de festas no ano eclesiástico é também deste período.
A Páscoa, nascida da aplicação da Páscoa judaica à ressurreição de Cristo, parece ter sido a primeira destas festas. Só depois de 350, o Natal foi aceito como uma festa cristã e, então purificado dos elementos pagãos que o compunham. A quaresma, um período de 40 dias, anteriores a Páscoa, de penitência e contenção dos apetites da carne, foi aceita como parte do ciclo litúrgico das igrejas depois da adoção do Natal.
Por HUGO DA SILVA ASCENÇÃO