terça-feira, 31 de março de 2009

A Paixão de Cristo foi fora do Arraial (II)




Jesus Cristo foi Crucificado Fora da Porta e fora do arraial.



Hb 13.12-13, "(...) Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu proprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos pois a ele fora do arraial, levando o seu opróbrio"



O fato de Jesus ter sofrido "fora da porta" (Hb 13.12b), evidencia o cumprimento das profecias e o sentido de Sua paixão humilhante no Gólgota. Pois, sofrer "fora da porta" significou para Ele levar o vitupério dos nossos pecados sobre Si no madeiro da cruz, para que com Seu sangue podesse salvar o pecador perdido. Vejamos através de dois tipos no Velho Testamento, e o seu cumprimento no Novo Testamento, o significado simbólico pertinente à crucificação de Jesus, para um melhor entendimento:



I - O sacrifício da novilha ruiva ou vermelha fora do Arraial


Como está escrito assim: Nm 19.1-2, "Falou mais o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo: Este é o estatuto da lei, que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma bezerra ruiva sem defeito, que não tenha mancha, e sobre que não subiu jugo. E a dareis a Eleazar, o sacerdote; e a tirará fora do arraial, e se degolará diante dele. E Eleazar, o sacerdote, tomará do seu sangue com o dedo e dele espargirá para a frente da tenda da congregação sete vezes. Então, queimará a bezerra perante os seus olhos; o seu couro, e a sua carne, e o seu sangue, com o seu esterco se queimará. E o sacerdote tomará um pedaço de madeira de cedro, e hissopo, e carmesim, e os lançará no meio do incêndio da bezerra".


1. Era o único sacrifício de animal - a novilha vermelha ou ruiva - feito pelo sumo sacerdote fora do arraial. Ler Nm cap. 19.1-6. Por que este sacrifício, fora do arraial, era feito com uma novilha vermelha? Veja que este era o único sacrifício de animal "ruivo" feito fora do arraial. É porque só a novilha vermelha identificava, fora da porta, publicamente, a morte de Jesus coberto de sangue na cruz do calvário, para purificação de nossos pecados. 1ª Pe 2.24. Note que neste sacrifício o sumo sacerdote Eleazar saía da sua posição, fora da porta da tenda da congregação, - simbolizando como, também, Jesus seria crucificado fora do araial, - e burrricava sete veses o sangue com seu dedo apontando e olhando para a tenda da congregação! O ritual em burricar sete vezes o sange da novilha vermelha, corresponde às sete "palavras ou setenças que Jesus pronunciou na cruz", quando ali derramou o seu sangue! (Ler: Mt 27.46; Lc 23. 43; Mc 15.34; Jo 19.27-28, 19.29-30; Nm 19.6; Sl 69.21; Lc 23.46; Mt 27.50-53). Logo após Jesus entregar o seu espírito ao Pai no último brado da cruz, "(...) o véu do templo se rasgou em dois de alto a baixo" (Mt 27.50-53), indicando que estava consumado o "Novo e Vivo Caminho para o céu pelo o seu sangue". Hb 1o.18-23.



2. O dia da expiação anual
, Lv 16.1-14. Observe que, também, uma vez por ano no dia da expiação, o sumo sacerdote, após o sacrifício do novilho, tomava do seu sangue e aspergia, com seu dedo, sete veses perante o propriciatório, além do segundo véu do templo, (Lv 16.11-14), assim como, agora, Jesus ressuscitado à direita de Deus o Pai no céu, apresenta-Se com o valor eterno do seu sangue, como Sumo Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque, para interceder por nós. (Hb 7.1-28). Também, aqui, o número sete representa, em memória, as sete setenças verbais ou palavras que Jesus pronunciou na cruz, quando consumou a Sua Obra perfeita e completa da salvação. (Mt 26.24-29; Lc 22.19-20;1ª Cor 11.23-26).



II - A serpente abrasadora levantada numa haste no deserto - Nm 21.4-9.


Quando o povo se rebelou contra Deus e contra Moisés, o Senhor enviu serpentes venenosas que mordiam o povo e muitos morriam, (v 6). Porém Moisés intercedeu a favor do povo diante do Senhor (v. 7), porque o restante do povo foi a Moisés confessando o seu pecado e pediu que Moisés intercedesse por eles para que tirasse as serpentes venenosas. Então, "disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste: e será que todo mordido que a mirar, viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze, e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava" (Nm 21:8-9). O arrependimento salvou da morte aqueles que olharam para a serpente abrasadora levantada no deserto (tipo de Jesus abandonado e crucificado). Somente quando o Senhor da Glória se identificou, simbolicamente, com o pecado e a morte, desde a queda do homem por causa do pecado, induzido pela antiga e má serpente (Satanaz), (Gn 3.14-15), Ele se deixou pregar no madeiro maldito, assim, Jesus pôde aniquilr o pecado, pisar a cabeça da antiga serpente (Satanaz). Nesse momento, Ele, a luz do mundo, teve o mais intenso confronto com o poder das trevas; e Ele venceu essa luta completamente sozinho.


3. Esses tipos indicam que Jesus se fez pecado por nós! - Tanto no Getsêmani, como está escrito em Mt 26.36-45; e Lc 22.39-46, como também, publicamente, na cruz do Gólgota, Jesus Cristo foi feito pecado por nós por parte de Deus, o Pai, como está escrito: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus". (2ª Co 5.21). Nós, que nascemos no pecado (Sl 51.5; Rm 5.12), não podemos compreender a dimensão do que significou para o Filho de Deus, que não tinha pecado, ser identificado com o pecado e, ainda mais, ser Ele mesmo feito "pecado por nós". Quem jamais entendeu a profundidade das palavras de Jesus em João 3.14-15, que são tão indescritivelmente gloriosas para nós? Jesus mesmo monstrou para Nicodemos, no tipo da serpente levantada no deserto, a Sua humilhação, como está escrito: "E do modo porque Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem (Jesus) seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna." (Nm 21.4-9; Jo 3.13-15). Por que o Senhor se referiu a esse acontecimento do Antigo Testamento? Porque naquele tempo, o povo de Israel se rebelou contra Deus e contra Moisés, como sempre, induzido por Satanaz. Como memorial simbólico da queda do homem, e o castigo como setença do pecado e da morte, o Senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que mordiam o povo; e, assim, morreram muitos do povo de Israel" (v. 6). Porem, quando arrependido olhava para a serpente abrasadora levantada numa haste, não morriam, mas, viviam. (Gn 3.1-15; Nm 21.4-5)


Agora vamos olhar em espírito para Jesus Crucificado fora do Arraial, com santa reverência:


i) Jesus se esvaziou humildemente de Sua Glória! - Lemos a esse respeito em Filipenses 2.6-8: "pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, e, achado em forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornan-se obediente até a morte, e morte de cruz". Quando o Filho de Deus se esvaziou a si mesmo da glória que tinha com o Pai e se tornou homem, Ele se dirigiu para "fora da porta", para tomar sobre si, voluntariamente, o "vitupério" (a afronta, o desprezo) que o aguardava.

ii) Tirou todos os pecados da humanidade e levou-os sobre Si. - Jesus também sofreu "fora da porta" porque tirou os pecados de todos os homens (judeus e gentios) de todos os tempos no Calvário, levando-os sobre Si na cruz. João Batista exclamou a respeito dEle dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (Jo 1.29). Não está escrito "tirará", mas que Jesus "tira" o pecado do mundo. Isso significa que já naquele tempo, quando encontrou João Batista, o pecado já pesava sobre Ele. Quando somos acusados injustamente de uma coisa ruim, que não fizemos, algo começa a "trabalhar" em nós. Isaías 53.11ª fala profeticamente de Jesus, referindo-se ao "penoso trabalho de sua alma". Isto aconteceu quando Jesus suportou na Sua alma a carga dos incomensuráveis pecados que foram lançados sobre Ele, sem ter pecado, isto é, atribuídos a Ele, injustamente, como era sacrificado "o Cordeiro sem defeito e sem mácula na Pascoa". (1 Pe 1.19). Portanto, foi no Getsêmani que Jesus pressentiu a profunda dor em Sua alma do vitupério e o despreso por causa de nossos pecados. (Ler: Mt 26.36-46; Lc 22.39-46).




iii) O ser levantado na cruz humilhante do Gólgota fora da porta. - O sofrer "fora da porta" - lugar indevido para o Santo Filho de Deus (Lc 1.31-35), significa que o sacrifício de Jesus foi consumado no lugar impróprio para um sacrifício judaico de um cordeiro imaculado, então, o lugar do Calvário é o sinal característico da rejeição de Jesus como o Messias de Israel, pelas suas principais autoridades religiosas. Segundo a Lei de Moisés os sacrifícios dos animais sem defeitos - tipos de Jesus - eram feitos pelos sacerdotes no altar de broze que ficava após à porta do tabernáculo, ou do templo. . Ex 12; Lv 1 a 7; 16; 17.1-9; 23.4-8,26-44; Nm 19.1-4. No Calvário foi ainda mais humilhante, por ser a cruz um instrumento usado pelos romanos para crucificar criminosos, ladrões e malfeitores no monte do Calvário... O lugar do "Gólgota" era altamente visível para quem ali fosse levantado. Jesus como o Cordeiro de Deus, - o Santo Filho de Deus, - foi suspenso na cruz entre os céus e a terra, como um pecador humilhado e escarnecido! ... Esse sofrimento "fora da porta" se tornou mais terrível para Jesus quando também Deus, o Pai, viu que Ele assumiu, inocentemente, a culpa e a pena de nossos pecados no Seu corpo, em nosso lugar. Pois Deus puniu o pecado na carne (ou corpo Rm 8.1-4); por amor a nós pecadores, como está escrito: "Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito". Rm 8.3-4. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". (Jo 3.16).


iv) O desamparo de Deus o Pai por ver sobre Jesus os nossos pecados. Mt 27.46; Mc 15.34. O que realmente se pretende dizer com isso? Trata-se de uma identificação completa do Pai com Seu Filho feito carne humana (Jo 1.1, 14), e de Jesus com o pecador tomando nosso lugar, em substituição, como testemunha Paulo em Gálatas 2.19b-20: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim." Quem quer entregar, como Paulo, sua própria vida, com todas as suas paixões e cobiças? Estás realmente disposto a renunciar a tudo que tens (comp. Lc 14.33) e a tomar Seu jugo sobre você?




v) Agora, devemos ir a Jesus como único Salvador suficiente fora do arraial! Hb 13.10-13. O Senhor começa a nos conduzir para onde podemos ter comunhão com Ele, isto é, para "fora do arraial", levando sobre Si os nossos pecados. O homem por si mesmo geme com o fardo de seus pecados, e não tem força para carregá-lo sozinho, por isso precisa do "Salvador Suficiente" para tirar o peso dos seus pecados e cravá-los na cruz... Todavia, Ele continua chamando a todos, dizendo: "...Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Por que o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". (Mt 11.28-30). Saia para fora do mundo pecador, indo até onde Jesus levou seu vitupério (vergonha do pecado) sobre Si na cruz! Quem fizer isso, verdadeiramente, estará recebendo a salvação da sua alma, ou seja, estará aceitando pessoalmente a santificação que o Senhor realizou pelo Seu sangue. (Hb 12.14). Por isso que em Hebreus 10.28-29 estão escritas as sérias palavras: "Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?" O pecador sendo lavado pelo sangue de Jesus, na condição de filho de Deus regenerado, sua posição, por natureza, é de santo mesmo, e de santificado no sangue de Jesus. Então, como está tua situação de santificação pessoal, como fiel testemunha regenerada e comprada pelo sangue de Jesus deramado sobre a cruz? Será que estás distante da posição de santificação como testemunha de Deus que é Santissimo? Pois, (...) quem é santo, seja santificado ainda (...). Ap 22.11b.


Conclusão - Olhemos para Jesus crucificado coberto de sangue na Sua Cruz - o autor e consumador de nossa fé Hb 12.2 - com Seu grande amor por todos nós. Ele se deixou sacrificar, também, por ti! Não deseja no teu coração entregar-te a Ele? Irás desprezá-Lo, não irás se entregar voluntariamente a Ele como sacrifício de louvor? Ele foi sepultado por ti no pó da morte; Ele suportou a vergonha e a mais profunda humilhação por tua causa, e você ainda cotinua amando mais este mundo (kosmos) de pecado em que Ele foi tão desprezado? Ele curvou Sua cabeça que estava cheia de sangue e feridas, de dores e escárnios, e ainda irás andar com pensamentos orgulhosos, mantendo tua cabeça erguida com altivez e inflexibilidade? Ele sofreu tantas dores e tormentos em Seu corpo e em Sua alma, e tu ainda irás correr atrás de orgias terrenas? Não queres também vir a Ele, fora do arraial, levando o Seu vitupério?! Suas mãos foram traspassadas e feridas por armas de injustiça, Seus pés foram furados pelos cravos perversos, e tu continua andando pelos caminhos pecaminosos?! Ele obteve eterna justiça através de profundas dores, e tu Lhe roubarias a glória ao procurar estabelecer tua própria justiça?! Oh! não, tudo seja lançado ao pó, desprezado e considerado como refugo, "pela exelência do conhecimento de Cristo Jesus como Senhor e Salvador"! (Fl 3.8b). Diga-Lhe agora de forma clara e decidida: "Senhor Jesus, quero ir a Ti, fora do arraial, levando o Teu vitupério!" Amém. (Baseado, em parte, numa publicação na revista Chamada da Meia-Noite).


domingo, 29 de março de 2009

A Paixão de Cristo (I)


A PAIXÃO DE CRISTO

I - A PAIXÃO DE CRISTO JÁ ESTAVA PREVISTA NAS ESCRITUAS -Is 53; Sl 22


1. Considerações sobre "A Paixão de Cristo". O filme "A Paixão de Cristo", dirigido por Mel Gibson, tem provocado polêmicas em todo o mundo. Ele mostra as últimas doze horas da vida de Jesus, e especialmente Sua crucificação, de uma forma extremamente brutal. Os que defendem o filme louvam-no como uma das maiores chances para a evangelização em dois mil anos. Os adversários o consideram anti-semita, dizendo que incentivará o preconceito contra os judeus. Onde se econtra a verdade dos fatos?


2. Jesus é sempre um assunto atual e de destaque. Mais uma vez fica evidente que Jesus é o marco histórico do plano de Deus para salvação do homem. Após dois mil anos, a existência de Jesus, Sua morte na cruz e Sua ressurreição continuam causando o mesmo impacto. Esse fato eleva-O acima de todos os outros personagens que influenciaram a História. Enquanto o tema "Jesus" nunca perderá destaque, todas as outras questões que ocupam a humanidade desaparecerão na insignificância. Gl 4.4.


3. Já estava previsto a crucificação de Jesus nas Escrituras, Is 53. A oração da Igreja primitiva em Jerusalém destaca o que importa: "verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes (edomita) e Pôncio Pilatos (romano), com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram" (Atos 4.27-28). Tanto as nações (gentios) como os israelitas uniram-se na hora de decidir e executar a crucificação de Jesus, mas, essa ação fazia parte essencial do Plano de Deus. 1ª Cor 15.3-4; 1ª Pe 2.24.

4. Estava determinado no desígno e presciência de Deus. Jesus tinha de morrer tanto por Israel como pelas nações, para ser o Redentor de todos. Após Sua ressurreição, o próprio Senhor disse aos discípulos no caminho de Emaús: "Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?" (Lc 24.25-27). Em sua pregação no dia de Pentecostes, Pedro expressou-se de modo semelhante: "sendo este (Jesus) entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos" (Atos 2.23).

5. O "Cordeiro de Deus previsto morto antes da fundação do mundo", 1ª Pe 1.19-20. A morte de Jesus não foi o resultado de ações puramente humanas, pois fazia parte do Plano de Deus para a salvação da humanidade. Jesus é o "dom inefável" de Deus para nós (2ª Coríntios 9.15). Ele realizou o desígnio de Deus para nossa salvação e o Pai celestial O entregou, como Cordeiro de Deus inocente, pela nossa culpa (Ler: João 1.29,36). Naturalmente essa entrega aconteceu através das mãos de pessoas. A geração do povo judeu da época entregou Jesus aos gentios (romanos), para que Ele fosse crucificado. Mt 27,11-26.

6. Os israelitas levaram "o Cordeiro de Deus" à cruz para o Sacrifício Pascoal, Ex 12.1-28. "(...) No dia seguinte João viu a Jesus que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Jo 1.29. Os israelitas representaram o sacerdócio que ofereceu o Cordeiro para o sacrifício, por isso disse Jesus: "(...) a salvação vem dos judeus", (Ler: João 4.22), e Roma, a potência mundial, foi a instância executora, através de Pilatos, seu representante político. Mt 27.22-26. Tanto os judeus como os gentios mataram Jesus. Entretanto, mais do que a geração que vivia na época, foram os pecados de todas as gerações, de todos os seres humanos de todas as épocas, que O crucificaram, pois, Ele morreu pelos nossos pecados, trazendo-nos a redenção. Todos nós somos culpados: "Porque Deus a todos encerrou na desobediência (tanto judeus como gentios), a fim de usar de misericórdia para com todos" (Rm 11.32).

II - AQUESTÃO DA CULPA DO PECADO - Rm 6.23; Hb 6.27-28

1. A questão da culpa. Uns atribuem aos judeus a culpa pela morte de Jesus, como se esse tivesse sido um crime "comum". Os judeus, por sua vez, acusam os cristãos de anti-semitismo consciente, e até mesmo os apóstolos de serem parcialmente antijudaicos. Realmente é verdade que os judeus foram violentamente perseguidos por causa da crucificação de Jesus. Acusados de serem "assassinos de Deus", muitos deles foram mortos por isso. Em meio a essas discussões, esquece-se facilmente o Plano perfeito de Deus para a humanidade.

2 Quem é culpado pela morte de Jesus? Na verdade, poderíamos atribuir a culpa da morte de Jesus a Adão, pois através dele o pecado entrou no mundo e foi transmitido a todos os homens: "Portanto, assim como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo o pecado a morte, assim também, a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram". (Rm 5.12ss). Por isso, era necessário que Jesus -"o segundo Homem sem pecado e o último Adão representando o homem do pecado pagasse a pena do pecado na morte" – 1ª Cor 15.45-49-, e removesse a culpa do pecado. Portanto,(...) "onde o pecado abundou, superabundou a graça (...) por Jesus Cristo nosso Snhor". Rm 5.20-21. Cada pecado de todo ser humano condenou, crucificou e matou Jesus na cruz. Sou culpado da morte de Jesus e imensamente grato a Ele por ter morrido por mim, pois do contrário eu continuaria com minha culpa e estaria perdido por toda a eternidade. .Rm 6.22-23; 8.1-10; Hb 9.22; 10.14-18.

3. A culpa da morte de Jesus permace com aqueles que O rejeitam, Jo 3.16-21, 36. O que, porém, acontece com os que discutem a questão da culpa pela morte de Jesus mas não se decidem por Ele, não O aceitam pela fé e até O rejeitam e desprezam? A situação deles, quer sejam judeus ou gentios, é terrível, pois "calcam aos pés o Filho de Deus, profanam o sangue da aliança e ultrajam o Espírito da graça" (Ler: Hb 10.29). Como está escrito assim: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas, a ira de Deus sobre ele permace". Jo 3.36. Muito mais grave do que fazer acusações mútuas de culpa é ser, pessoalmente, um inimigo da cruz de Cristo, (Ler: Fl 3.18).

4. Jesus tomou a culpa sobre Si, e pagou o preço da redenção. 1ª Cor 6.20; 1ª Pe 1.18-19. Jesus, perfeitamente inocente, declarou-Se culpado em nosso lugar. Ele tomou nosso pecado sobre Si e o carregou na Sua cruz, na cruz por exigência dos judeus, e na cruz da pena capital dos romanos: "porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus" (Col 1.19-20). Muito antes de vir a este mundo, Ele já disse através de Davi, manifestando Sua disposição de sacrificar-Se em nosso lugar: "eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei. Proclamei as boas novas de justiça na grande congregação; jamais cerrei os lábios, tu o sabes, Senhor" (Sl 40.7-9; Hb. 5-7).

5. A morte vicária de Jesus foi voluntária, Jo 1o.11. Se Jesus não tivesse entregue Sua vida voluntariamente, teria sido impossível tirá-la dEle, pois, não tinha pecado, por isto que Ele afirmou: "Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. (...) Por isto, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai". (Jo 10.11, 17-18). Exclusivamente Jesus tinha o poder de dar a Sua vida, e Ele a entregou nas mãos dos judeus. Ao invés de atribuir-lhes a culpa pela morte de Jesus, todos deveriam recordar que Jesus foi judeu em Sua humanidade, e como tal voltará. Mas Jesus também tinha o poder de reaver Sua vida. O judeu Jesus ressuscitou dentre os mortos e retornou à casa do Pai. Sl 110.1-4; Ap 5.1-10. Desse modo, foi Jesus o primeiro homem ressuscitado e glorificado a entrar no lar celestial, "o leão da tribo de Judá", portanto, judeu. Ap 1.12-18; 5.4-9.

6. A questão dos Judeus na crucificação de Jesus. Jesus veio a este mundo "como o leão da tribo de Judá"; Gn 49.8-12. Os judeus como nação foi o povo escolhido para a vinda de Jesus para que se cumprisse a Escritura! Afinal, Ele nasceu de mãe judia e – segundo a descendência humana – era da tribo de Judá! Através de Jesus é que temos a redenção, a ressurreição, e Sua ascensão à direita do Pai celestial e, finalmente, a certeza da Sua volta para reinar! (Ler: Rm 9.4-5). Através dos judeus, como nação, haverá a justiça e a paz que serão implantadas neste mundo no futuro reino messiânico de Jesus... Pois eles foram escolhidos pelo Pai celestial para que o Seu Filho se tornasse homem, e para eles Jesus voltará para reinar como o Messias e Rei dos Judeus. Ler: Zc 9.9; 13.10-11; 14.4; Jo 19.Mt 27.37; Jo19.19-22!

7. Jesus ressuscitou para nossan justificação. Rm 4.25; 5.1-10. Seria necessário discutir a questão da culpa se Jesus tivesse permanecido morto, pois apenas Sua morte como Justo não nos teria redimido. (Ler: 1ª Cor 15.13-18). Ele, porém, ressuscitou: Jesus vive! Por isso, juntamente com o apóstolo Paulo, louvamos e exclamamos: "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém". (Rm 11.33-36).

8. Jesus cumpre sua missão, firmemente, segundo as Escrituras. Lc 24.26-27; 1ª Cor 15.3-4.
As acusações mútuas sobre a culpa pela morte de Jesus ou de anti-semitismo mostram apenas que ainda não se compreendeu o verdadeiro sentido da morte de Jesus. Ao invés dos gentios olharem de forma negativa para os judeus e vice-versa, todos juntos deveriam olhar "firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus" (Hb 12.2). Ele fez tudo por você, aceite-O agora mesmo como seu Salvador pessoal! .

Conclusão. Há discussões, polêmicas e controvérsias sobre a culpa pela morte de Jesus e a questão do anti-semitismo, mas se esquecem completamente que Deus queria entregar-Se em sacrifício através de Cristo. Por trás dessa disposição de ir para a cruz estava Seu infinito amor. Jo 3.16. Ele tomou toda a culpa sobre Si para nos resgatar. Is 53.4-10, como está escrito assim: "Levando Ele (Jesus) os nossos pecados em o seu corpo, sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudessemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados". 1ª Pe 2.24. Isso vale tanto para os judeus como para os gentios (todos os não-judeus). Ef 2.11-22. Aleluia!
(Baseado no Folheto A Paixão de Cristo - Norbert Lieth ).

quinta-feira, 19 de março de 2009

SINAIS - Onde estão os que tem fome e sede de justiça (IV) ?!?!?!?


1. Os que têm fome e sede de justiça. Mt 5:6. "bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos".

2. Fome e sede. Esta figura era especialmente atraente num país onde a média anual de chuva não passava de 65 cm. Sem dúvida, muitos dos que escutavam a Jesus sabiam o que era passar sede. Mas aqui Jesus falava da fome espiritual e sede da alma, como disse o salmista: (Sl 42:1-2). "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? Só os que almejam justiça com a mesma ansiedade dos que morrem por falta de alimento ou de água, a encontrarão. Nenhum recurso da terra pode satisfazer a sede espiritual e a fome da alma. Não são suficientes as riquezas materiais, nem profundas filosofias, nem as satisfações dos apetites físicos, nem a honra, nem a fama e nem o poder.

3. Sede de justiça - O fato de que um coração almeja justiça, demonstra que Cristo já começou ali sua obra. O desejo de virtude. São aqueles que querem agir de acordo com a justiça e a misericórdia de DEUS. Desejam ver implantada a justiça de DEUS não só na vida dos outros homens, mas em suas vidas também.

4. Fome espiritual e o "Pão da vida"
- Uns seis a oito meses depois do Sermão do Monte, Jesus pronunciou outro grande discurso, desta vez a respeito do Pão da Vida (Jo 6:26-59), no qual apresentou mais plenamente o princípio que aqui se expõe em forma sucinta. Jesus mesmo é o “pão da vida” do qual os homens devem ter fome, e participando deste “pão” podem manter sua vida espiritual e satisfazer a sede de sua alma, assim: (Jo 6:35, 47-51, 58), "v35 E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede (...) v47 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna. v48 Eu sou o pão da vida. v49 Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. v50 Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. v51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. (...) v58 Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre".

5. Sede espiritual da alma - Conversando com uma samaritana, Jesus também se apresenta como aquele que pode satisfazer a sede da alma: (Jo 4.10); "v10 Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva", (Jo 4:14); "(...) v14 mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna". Jesus aparece aqui como um homem convidando as pessoas a beber de uma água nunca antes bebida, que saciava a sede da emoção, que resolvia o vazio da existência e cortava as raízes da solidão. Entretanto, só bebia dela quem tivesse uma sede espontânea, quem tivesse coragem para reconhecer que faltava algo dentro de si. Quem não tivesse tal sede, podia seguir seu próprio caminho e esquecer o Mestre da Vida. Quem se julgava abastado podia ficar girando em torno do seu próprio mundo (kosmos). Quem não precisava de médico e julgava que não tinha feridas em sua alma, podia excluí-lo de sua vida. Nunca Jesus forçou alguém a lhe seguir, mas, está sempre pronto para saciar a sede e a fome espiritual de todo aquele que vem a Ele.


6. O sábio Salomão reconheceu que tudo aqui "debaixo do Sol" é vaidade - Depois de provar todas coisas materiais e muito mais, Salomão chegou a conclusão de que “tudo é vaidade”, assim: (Ecl 1.1-3), "v2 (...) É tudo vaidade. v3 Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol? Nada produz a satisfação e a felicidade que o coração humano almeja. A conclusão do sábio foi que reconhecer o CRIADOR e cooperar com Ele que proporciona a única satisfação duradoura. Como está escrito assim: (Ec 12:1-3, 13-14). "v1 Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; (...) v13 De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem. v14 Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau".

7. Convite para receber de graça, "sem preço" - Há em Isaias um convite feito bondosamente a todos aqueles que têm sede e fome de justiça para que venham ao Provedor Celestial, recebam o alimento e a bebida "sem dinheiro e sem preço", como disse o profeta Isaias: (Is 55:1-2); "v1 Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite". Para os seguidores de Cristo a justiça tem que ter um sentido amplo. Em vez de estabelecer sua própria justiça, os cristãos devem submeter-se a Justiça de DEUS. (Rm 10:3-4), "v3 Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. v4 Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê". Justiça que se encontra pela fé em Cristo Jesus, como disse o apóstolo Paulo, assim: (Fp 3:8-9), "v8 E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo v9 e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé". (...) (Rm 3.21-26), "v21 Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas, v22 isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. v23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, v24 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, v25 ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; v26 para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus". Portanto, receba "da água da vida" a justiça de Deus de graça - em Cristo Jesus -, sem preço, a salvação eterna de sua alma. (Palestrante: Adalto Faria). Continua>>>